We Are Enfant Terrible
French/Electronic/8-Bit
http://www.myspace.com/weareenfantterrible
Por: Cleber Facchi
Quando o Ale Cartier, editor da Freak! Mag me convidou para resenhar o disco de estreia do grupo francês We Are Enfant Terrible confesso que achei a ideia bem desmotivadora, afinal, o que um trio formado a menos de três anos poderia trazer de novo ao meio musical, ainda mais brincando de fazer electropop? Entretanto, a proposta de ouvi-los foi aceita e o resultado foi melhor do que o esperado. Cansei de Ser Sexy se encontra com o Crystal Castles, enquanto um game boy ruidoso tempera tudo, numa espécie de trilha sonora de um jogo caótico e dançante.
Tudo bem, o som elaborado pelo trio Thomas Fourny (guitarra, teclados e vocais,) Clo Floret (vocais e teclados) e Cyril Debarge (drums e 8bit music) não se diferencia muito de outros artitas não apenas do electropop francês, mas do resto do globo, porém, o encaixe exato entre o pop chiclete e os pequenos picos de uma new wave barulhenta fazem com que Explicit Pictures se apresente como um trabalho radiante. Beirando o noise em determinados momentos, o grupo jamais perde a simpatia, evidenciando composições que falam de amor ou acontecimentos mundanos.
O disco começa como se iniciasse algum jogo para game boy, desses que acompanharam o público durante toda a década de 90, como Kirby, Zelda ou mesmo Pokemon. Os teclados dinâmicos e a assertiva inserção de bips grudentos fazem de Make You Laugh um verdadeiro “start” para o álbum, colocando o ouvinte dentro do contexto em que se baseia a aventura do disco. Soando como um Friendly Fires mais “quadrado” ou robotizado, Filthy Love com suas batidas descontraídas mantém a mesma linha da faixa de abertura, dando seguimento à temática orgânico-futurística do álbum.
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Com um caráter um pouco mais roqueiro, Lobster Quadrille deixa a programação eletrônica em um segundo plano, enquanto Fourny destila uma guitarra recheada de distorções sujas que trazem o álbum para dentro de uma temática levemente punk. Dos anos 70, o trio pula direto para a década seguinte, através da divertida Because of The Bees, faixa que transmite todas as referências new wave e sonorizações fluorescentes do grupo. A voz abafada de Floret e a instrumentação simplista dão um toque mais “comum” ao trabalho, sem que a banda, entretanto, perca sua qualidade. Porém a simplicidade logo é deixada de lado com a tríade A Song To You, Sick Crooner e Flash ‘N’ Blood Kid restabelecendo a temática virtual do trabalho.
Se Explicit Pictures fosse um jogo, Shangai seria aquela fase mais divertida, que você demora o máximo possível para passar, enquanto se diverte com puzzles intermináveis e pequenas aventuras viciantes. Em mais de quatro minutos, os franceses descem uma sequência de acordes sintetizados e sons puramente computadorizados onde o único ponto “orgânico” são mesmo os vocais de Clo Foret. Spade Atack como o próprio nome e sua melodia justificam arremessam o álbum para dentro de um verdadeiro duelo, seria o “chefão” aparecendo?
Quem pensa que o final do disco seria espaço para enchimento de linguiça terá em Wild Child, Nectarine Drea e na excelente So Fine uma bela surpresa. Embora menos enérgicas que as canções anteriores, as três composições que fecham o álbum permitem que o trio eleve suas experimentações eletrônicas ao máximo, dando ao pop uma temática muito mais rebuscada e ao estranho uma sensação de divertido. Quando final os últimos versos de So Fine a ação é única: esperar os créditos do jogo se extinguirem e partir mais uma jogada.
Explicit Pictures (2011)
Nota: 7.5
Para quem gosta de: Cansei de Ser Sexy, Crystal Castles e Yelle
Ouça: So Fine
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.