Family Portrait
Lo-Fi/Psychedelic/Surf
http://www.myspace.com/officialfamilyportrait
Por: Cleber Facchi
Se você acha que Family Portrait é apenas uma canção escrita pela “diva pop” Pink! você (infelizmente) é um alienado (OK, expressão arcaica). Muito mais do que quatro minutos de vocais irritantes e a velha fórmula da música pop, Family Portrait é o nome de uma banda de New Jersey que acaba de nos presentear com um belíssimo disco de estúdio. O autointitulado álbum de estreia é a soma de guitarras psicodélicas, vocais reconfigurados e certa “leseira”, típica das bandas de surf rock contemporâneas.
Talvez o grande adversário dessa recente banda norte-americana sejam as comparações. Logo de cara você irá perceber toda uma aproximação com as canções do Real Estate (banda, que por sinal é conterrânea dos caras) tanto pela forma suavizada com que o disco é construído, quanto pela ausência de lucidez nas letras do disco. Despojado e reverberando acordes lo-fi o álbum também encontra outras comparações, como Julian Lynch e até Ducktails em determinados momentos.
Entretanto, todas essas comparações apenas vêm para enriquecer as definições e críticas que pairam sobre a banda. As oito faixas que integram o disco parecem poucas a partir do momento em que você se deixa conduzir pelas melodias doces e as curtas viagens lisérgicas entregues através da sonoridade do grupo. Composta por Evan Brody (vocais e guitarra), Mike Mimoun (bateria), Ari Stern (teclados) e Sawyer Carter Jacobs (baixo) o quarteto é uma das sinceras surpresas de 2011.
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Para prender o ouvinte com apenas uma audição, a banda solta a tríade Glide Pt. 1, Wait e Interlude 1 – Never Shouldve Been There, mostrando aos curiosos ouvintes a maneira com que o grupo desenvolve seus sons. Há desde momentos mais acessíveis, que beiram o pop na primeira música, assim como toques te puro experimentalismo e divertidos passeios instrumentais, como ocorre na terceira canção. Mesclando estes dois elementos Wait vai do fácil ao “difícil” em pouco mais de dois minutos.
Se até aí você ainda não foi fisgado pelos sons ensolarados do quarteto, o grupo busca outros argumentos e sonoridades para que ninguém possa escapar. Other Side, por exemplo, vale-se de uma percussão abafada e vocais melódicos para conseguir se projetar. Até na ausência de vocais, como ocorre na faixa Instrumental, a banda consegue amarrar a pequena gama de instrumentos de forma que ela venha a parecer como uma pequena orquestra praieira. Se não fossem pelas chiadas camadas de som, a faixa facilmente seria comparada como alguma coisa similar ao que o The Morning Benders desenvolveu em seu último disco.
A maneira despretensiosa que o grupo desenvolve a doce sonoridade do álbum faz até parecer que o verão ainda não acabou. Ao lado de outros trabalhos como Cape Dory da dupla Tennis ou o último EP do Beach Fossils fazem parecer que a temporada de Sol, praia e areia quentinha sob os nossos pés ainda não acabou. O verão é agora e a estreia do Family Portrait é apenas mais uma prova disso.
Family Portrait (2011)
Nota: 7.7
Para quem gosta de: Real Estate, Julian Lynch e Ducktails
Ouça: Glide Pt. 1
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.