Viva Brother
British/Britpop/Pop
http://www.myspace.com/vivabrother
Por: Cleber Facchi
Responda à pergunta: O que Is This It, trabalho de estreia dos nova-iorquinos do The Strokes, Belong, novo álbum do The Pains Of Being Pure At Heart e o clássico Turn On The Bright Lights do Interpol têm em comum? A resposta: Todos são trabalhos inspirados em algum grande disco do passado, seja (respectivamente) Marquee Moon do Television, Loveless do My Bloody Valentine ou Unkow Pleasures do Joy Division. Entretanto, o que faz com que estes mesmos discos, inspirados em verdadeiros clássicos do rock não caiam em profundas repetições ou se traduzam nas mais puras cópias? A resposta para isso é bem simples: inovação.
Seja o trabalho de Julian Casablancas e seus parceiros, o ruidoso segundo álbum do quinteto do Brooklyn ou a soturna estreia da banda de Paul Banks, cada um dos registros, verdadeiros clássicos do nosso tempo se materializam através de alguma sonoridade lançada no passado, porém não de maneira copiada, mas através de uma nova roupagem. A estratégia não é única desses artistas, afinal, de tempos em tempos algum estilo consagrado em outras épocas surge de maneira praticamente inédita através de algum novo lançamento. Entretanto, isso nem sempre dá certo com todos.
O que poderia resultar em um belo revival do rock britânico da década de 1990 – que nada mais é do que um revival do mesmo rock britânico dos anos 60 – acabou se transformando em algo constrangedor através dos novatos do Viva Brother. Denominado Famous First Words (2011, Geffen Records) o debut do quarteto formado por Leonard Newell, Joshua Ward, Samuel Jackson e Franklin Colucci nada mais é do que uma cópia descarada de tudo aquilo que foi construído por bandas como Blur e (principalmente) Oasis, tentando inclusive apresentar a sonoridade proposta por tais grupos como parte de um novo estilo, o suposto “Gritpop”.
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A sensação repassada em uma primeira audição do álbum é a de que estamos ouvindo uma espécie de disco em tributo aos clássicos (What’s the Story) Morning Glory? do Oasis ou Parklife do Blur, afinal, nada ali soa de forma inédita, sendo que cada uma das 10 composições que preenchem o disco remetem de alguma maneira aos versos ou ao tipo de som proposto há quase vinte anos. É quase o mesmo que você colocar uma folha de papel em cima de um desenho já feito e copiar a sombra do que está por baixo.
Cada faixa apresentada em Famous First Words conta com alguma composição de mesma correspondência em alguma faixa do passado. Enquanto David soa vergonhosamente idêntica ao que é apresentado em Roll With It, Still Here vai atrás do que Some Might Say propõe, isso enquanto New Year’s Day faz o que pareceria impossível de acontecer, unindo a mesma linha de guitarras dos irmãos Gallagher com a musicalidade pop de Damon Albarn e seus parceiros. É simplesmente incompreensível a atitude da banda, que parece simplesmente não se importar em plagiar tais composições, algo oposto do que Miles Kane fez em sua estreia, usando de tais referências como fonte de inspiração, apresentando certo toque de novidade ao velho britpop.
Se a banda procurava algum tipo de proteção através da imprensa britânica – que anteriormente havia posicionado o quarteto como uma das apostas de 2011 – foi exatamente o oposto que eles acabaram encontrando em veículos como a NME, The Guardian e The Independent, que não se contentaram apenas em dar notas baixíssimas ao trabalho do grupo, como aproveitaram para repudiar a atitude da banda em copiar descaradamente o trabalho dos grandes representantes do rock inglês. Famous First Words até consegue divertir em alguns momentos, deve garantir dois ou três singles, mas na dúvida fique com o original.
Famous First Words (2011,Geffen Records)
Nota: 2.5
Para quem gosta de: Oasis, Blur e The Fratellis
Ouça: New Year’s Day
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.