Disco: “Hearts”, I Break Horses

/ Por: Cleber Facchi 30/08/2011

I Break Horses
Swedish/Dream Pop/Alternative
http://www.ibreakhorses.se/

Por: Fernanda Blammer

São essencialmente dolorosos e sombrios os caminhos escolhidos por Maria Lindén e Fredrik Balck para a construção de seu primeiro álbum através do I Broke Horses. Perdidos em espessas nuvens de sintetizadores e construções musicais que bebem do Dream Pop da década de 1980, a dupla transforma Hearts (2011, I Kill Love) sua estreia em uma porta de entrada para um mundo de sons densos, nebulosos e sonhos melancólicos, um registro em que cada mínimo ruído se projeta como um mecanismo de enormes proporções, sons que fazem do álbum um trabalho espesso e incrivelmente vasto.

Embora os caminhos sejam completamente outros, Hearts lembra muito Treats, da também dupla Sleigh Bells, porém, enquanto o grande maremoto de sons lançados pela dupla norte-americana se concentra no caos e em sons que parecem simplesmente escapar das composições – reproduzindo um grande caleidoscópio de fuzz e cacofonias -, no debut do duo sueco todos estes mesmos elementos parecem orientados para dentro, como se fossem cuidadosamente contidos. É como se a dupla mantivesse do princípio ao fim do álbum o encarceramento de algum ser místico, de proporções inimagináveis, permitindo apenas que alguns de seus breves ruídos tomem formas.

Seguindo a cartilha deixada por grupos como Cocteau Twins e Galaxie 500, porém afundados em sintetizadores e flertes com a música eletrônica/experimental, o casal transforma o álbum em um bloco único de som, um trabalho que mesmo fragmentado em nove composições se materializa em sua totalidade como uma faixa única, uma canção fechada de exatos 40:20 minutos. Abrindo de forma suave com Winter Beats, o álbum vai aos poucos se cercando de synths, batidas instáveis e uma pilha de sons cada vez mais intransponíveis, fechando a obra de forma épica com No Way Outro, música que derrama todos os elementos do disco de maneira quase saturada.

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Mesmo que grande parte do que traduza a boa fluência do disco esteja centrado em suas acumulações ruidosas e constantes sobreposições, o grande elemento que conduz a estreia do I Broke Horses está na voz de Maria Lindén. Muito mais do que um mero mecanismo de apoio para o ouvinte – que muitas vezes se perde através das quase incompreensíveis reverberações do trabalho -, as harmonias vocais da cantora são expostas na verdade como se fossem um instrumento, preenchendo cada lacuna do álbum ou em alguns momentos tornando-o ainda mais sujo e denso.

Por mais que se locomova como um registro satisfatório – principalmente para os amantes do gênero ao qual está atrelado -, Hearts peca em alguns momentos por suas repetições. A maneira como Cancer é organizada reflete exatamente o que é anunciado em Winter Beats, com uma fina camada de sintetizadores logo sendo encoberta por um volumoso concentrado de novos sons. Felizmente os cruzamentos constantes com a música eletrônica, como o que é apresentado em Load Your Eyes acabam salvando o disco, trazendo ao trabalho do duo sueco certa dose de distinção e dinamismo.

A melhor parte do álbum claramente está concentrada em suas cinco primeiras faixas, ambas composições que parecem próximas em essência ao mesmo tempo em que soam completamente distintas e agradáveis. A partir da sexta faixa, entretanto, o disco começa a capengar, como se o duo não fosse mais capaz de promover aquilo que desenvolvem no começo do registro, partindo para o uso de faixas repetitivas, menos inspiradas ou pouco inventivas.

Hearts (2011, I Kill Love)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: Young Team, Pallers e Minks
Ouça: Winter Beats

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.