Disco: “Hit After Hit”, Sonny & The Sunsets

/ Por: Cleber Facchi 19/04/2011

Sonny & The Sunsets
Indie/Lo-Fi/Psychedelic
http://www.myspace.com/sonnythesunsets

Por: Cleber Facchi

A história de Sonny Smith é digna de uma dessas comédias dramáticas que anualmente preenchem algumas lacunas do cinema hollywoodiano, por conta de sua peculiaridade. E não seria para menos, afinal, Smith (que já se apresentou como Sonny Berger, Sonny Smith e Dave Gil) começou sua “carreira” enquanto se apresentava para viciados em drogas em uma de suas muitas internações em hospitais e centros de reabilitação. Entre saídas e internações, o músico californiano foi dando formas ao seu projeto musical, que chega agora em seu segundo registro, Hit After Hit (2011).

A primeira sensação ao ouvir esse novo disco do músico – o primeiro saiu recentemente, em 2010 e se chama Tomorrow Is Alright – é a do encontro entre duas décadas musicais em um só trabalho. A primeira ou mais especificamente os trabalhos nela gerados é a década de 1960. Por todos os cantos do disco ficam presentes elementos que de alguma forma remetem ao The Zombies e demais bandas que trazem como foco a criação de melodias fáceis, além dos claros toques de psicodelia pop.

O segundo elemento que se mantém crescente em todo o disco é a música independente dos anos 90. Embora a sonoridade psicodélica assuma o controle de boa parte do disco a baixa qualidade da gravação e a sonorização ruidosa do álbum deixam que alguns toques de Guided By Voices fiquem presentes no decorrer do trabalho. Dessa forma torna-se fácil comparar o álbum e o trabalho de Sonny Smith com a sonoridade proposta pelo The Beets ou o The Bubbles, desse último mais especificamente o álbum Daydreaming in Technicolor (2011), em que há também esse entrelaço entre o pop e o psicodélico de forma caseira.

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Mais do que um registro de diferentes épocas, Hit After Hit segue exatamente aquilo que propõem em seu título: uma sucessão de hits, um atrás do outro. Claro que quem está acostumado às canções fáceis do pop contemporâneo, programadas para serem grudentas acabará encontrando nesse álbum uma barreira, afinal, o pop aqui tem gosto de vintage. Tanto as melodias como as letras trazem no decorrer do trabalho um toque nostálgico, conta talvez da marcante ligação com os anos 60.

Entretanto, a partir do momento em que o ouvinte se insere dentro do contexto proposto por Sonny e seus comparsas – Ryan Browne, Tahlia Harbour e Kelley Stoltz, sendo o primeiro e a segunda respectivamente seu irmão e esposa – fica fácil se deixar conduzir pelos sons fáceis e pegajosos do grupo. Entre os claros destaques, ou “hits” estão I Wanna Do It (com seus “Ohh Yeahhhh Yeahhh” contagiosos), Heart Of Sadness e The bad energy from LA is killing, que mesmo instrumental desponta o lado mais roqueiro do artista.

Quando se encerra Pretend You Love Me, última faixa do LP, a sensação é a de que o disco poderia durar muito mais. As guitarras suaves e adornadas por pequenos ruídos da gravação, assim como as letras (muitas delas repletas de referências nonsenses) do álbum fazem com que Hit After Hit seja um disco do qual você anseia pela não fuga, mas sim por se entregar confortavelmente às suas melodias fáceis e convidativas.

Hit After Hit (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: The Bubbles, The Beets e Sonny Smith
Ouça: I Wanna Do It

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.