Disco: “Humanish”, Humanish

/ Por: Cleber Facchi 29/06/2011

Humanish
Brazilian/Rock/Alternative
http://www.myspace.com/humanishrock

 

Por: Fernanda Blammer

Se existe algo que foi possível absorver com o rock dos anos 2000 é que bandas independentes nascem e morrem diariamente. O grupo surge, chama a atenção de todo mundo com algum single, grava um ou dois discos e simplesmente desaparece. Belo exemplo disso aconteceu com a banda paranaense Terminal Guadalupe, que após lançarem um dos melhores discos do rock nacional na última década – A Marcha dos Invisíveis (2007) – encerrou suas atividades no começo de 2011. Composta por membros da extinta banda, a novata Humanish dá sequência ao que foi interrompido com o fim do grupo curitibano, propondo uma bela soma de guitarras e letras que fluem quase dentro da mesma frequência.

Em sua autointitulada estreia, a banda formada por Allan Yokohama (guitarra e vocais), Marano  (guitarra e vocais), Fabiano Ferronato (bateria) e Igor Ribeiro (sintetizadores e saxofone) brinca com um variado jogo de sons e predisposições instrumentais, encontrando nos sons de diferentes gerações a mistura exata para suas próprias faixas. Do rock dos anos 70 no melhor estilo Led Zepellin aos rifes sujos do Queen Of The Stone Age e todas as bandas que defendem o rock da atual geração, os curitibanos não poupam esforços para diluir seus sons em uma tonalidade enérgica e com um toque de comercial.

Mesmo transitando pelas vias do rock alternativo – além da banda de Josh Homme há ecos de Morphine e até Muse -, muito do que delimita o trabalho de estreia do Humanish se encontra no rock nacional dos anos 80 e princípios da década de 90. De Legião Urbana aos sons do Barão Vermelho, todas as 12 faixas que preenchem o disco parecem tomadas por uma série de aspectos já conhecidos do grande público, transportando para o registro o uso de letras fáceis e que explodem de forma vigorosa durante a execução dos refrões.

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Tal temática dentro do disco parece ocasionado pela presença do músico e produtor Carlos Trilha, que entre trabalhos ao lado do Legião Urbana ou através da carreira solo de Renato Russo foi o responsável pela produção do último álbum de estúdio do carioca Lobão, o melancólico Canções dentro da Noite Escura (2005, Independente). A presença de Trilha dentro do álbum se revela através da limpidez dos instrumentos, com amplo destaque ao uso dos sintetizadores, elemento que se derrete ao longo do álbum e oculta cada pequena lacuna que possa diminuir o trabalho do quarteto.

Se límpidas são as reverberações que definem o disco, então as guitarras de Allan Yokohama ganham um espaço mais do que adequado para que soem altas e em bom som. Assim como nas composições lançadas em sua antiga banda, através de seu novo projeto o guitarrista em nenhum momento poupa os ouvintes de seu instrumento, lançando uma série de bons rifes e acordes radiantes que definem de maneira precisa em que se baseia o som do Humanish. Entre os melhores momentos do trabalho estão as poderosas Algum dia na memória (música que faria Josh Homme sentir inveja), The One, Sempre Criança ou mesmo a climática Tanto.

Por conta da sonoridade mais abrangente (e até nostálgica em alguns momentos), talvez o trabalho do Humanish soe incompatível para alguns ouvintes mais “moderninhos”. A boa condução do registro permite que o trabalho dos curitibanos caminhe tanto pelos campos da música radiofônica e comercial – algumas faixas como Eu Acredito em Você, Tanto e Algum Dia na Memória vem tomadas por certa fragrância pop e acessível -, quanto pelos terrenos do rock alternativo, revelando um disco que pode tudo, menos passar despercebido.

 

Humanish (2011, Independente)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Terminal Guadalupe, Lemoskine e Poléxia
Ouça: Tanto

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.