Portugal. The Man
Experimental/Indie/Psychedelic
http://www.myspace.com/portugaltheman
Por: Fernanda Blammer
Quando Waiter: “You Vultures!”, primeiro trabalho de estúdio do então trio Portugal. The Man foi lançado em janeiro de 2006, o excêntrico registro não poderia ser lançado em melhor hora. A crescente cena voltada aos sons da neo-psicodelia que se estabeleciam em território norte-americano naquele momento serviriam de base para que o inicial registro, assim como a precoce banda pudessem se estabilizar. Mesmo ausente de grandes composições, o trabalho traçaria as diretrizes daquilo que o grupo viria a desenvolver com maior naturalidade em um futuro próximo, uma mistura entre canções climáticas e instrumentalmente esquizofrênicas.
A evolução da banda viria logo em seus trabalhos seguintes Church Mouth de 2007 e Censored Colors de 2008. Em ambos os registros, o grupo entregaria uma série de composições cada vez mais distintas daquelas encontradas em seu primeiro álbum, além de delimitar uma das principais características da banda, a produção ininterrupta de seus trabalhos, algo que manteria o grupo em constante renovação, mas que também traria uma série de problemas futuros. Profundamente ligados à musica experimental, a banda apresentaria em seus dois registros seguintes o ápice de sua evolução fonográfica.
Tanto The Satanic Satanist (2009) – que posteriormente ganharia uma versão acústica denominada The Majestic Majesty – quanto American Ghetto (2010), fariam com que o grupo, original de Wasilla, Alaska surpreendesse seu público e a crítica mais uma vez, desenvolvendo uma série de composições, que mesmo curtas surpreenderiam pela imensa variedade de tonalidades instrumentais distintas, toques nada moderados de psicodelia e uma excentricidade que só a banda parecia capaz de produzir. O Portugal. The Man parecia pronto para uma obra ainda maior que toda sua anterior discografia, entretanto, não é isso que se vê em seu seu sexto e mais recente trabalho.
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Denominado In The Mountain, In The Cloud (2011, Atlantic), o disco mostra que os anos de produções ininterruptas da banda não trouxeram melhorias às suas composições, mas na verdade desgaste. O que poderia ser uma bela sequência dos dois álbuns anteriores acabou se revelando um regresso dentro da carreira do grupo, com o agora quarteto – John Baldwin Gourley (vocal, guitarra, órgão), Jason Sechrist (bateria), Ryan Neighbors (piano e sintetizadores) e Zachary Scott Carothers (baixo e percussão) – elaborando um disco visivelmente falho, até mais fraco do que o que fora entregue pelo grupo em seus projetos iniciais.
Ao contrário dos anteriores projetos do grupo, este sexto álbum conta com uma instrumentação muito mais coesa e bem desenvolvida, entregando um resultado visivelmente mais límpido do que aquele encontrado anteriormente. Entretanto, a banda se afasta consideravelmente das experimentações ou de toda a excentricidade de outrora, gerando um registro tão simples e comum que nem parecem ser os mesmos responsáveis por pérolas como All My People, The Sun ou qualquer outra composição ligado aos últimos álbuns da banda.
In The Mountain, In The Cloud é um trabalho que segue arrastado da primeira à última faixa, somente quando Sleep Forever, última canção do disco tem início que pela primeira vez a banda mostra todo seu potencial, unindo a instrumentação madura que aprendeu a desenvolver ao longo de quase uma década de carreira com as doses de neo-psicodelia que delimitam suas antigas obras. A baixa qualidade do álbum traduz algo que já se tornava visível ao término do último álbum da banda, em que o quarteto já se mostrava ofegante, embora ainda entusiasmados em produzirem seu álbum. O que o Portugal. The Man precisa são férias, urgentemente.
In The Mountain, In The Cloud (2011, Atlantic)
Nota: 5.5
Para quem gosta de: The Sound of Animals Fighting, Yeasayer e Menomena
Ouça: Sleep Forever
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.