Petite Noir
Indie/Electronic/Post-Punk
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Em janeiro deste ano, quando Yannick Ilunga apresentou ao público o primeiro registro oficial como Petite Noir, The King of Anxiety EP (2015), o uso de elementos sombrios, íntimos da cena pós-punk dos anos 1980, parecia encaminhar o jovem artista para junto de um ambiente dominado por temas e arranjos cada vez mais densos, lentos e intimistas. Curioso perceber na chegada de La Vie Est Belle / Life Is Beautiful (2015, Domino) uma completa desconstrução dessa proposta inicialmente incorporada pelo músico sul-africano.
Durante os quase 50 minutos de duração da obra, Ilunga pode até mergulhar de cabeça nas experiências lançadas por nomes como Joy Division e Wire, entretanto, são as bases dançantes, por vezes explosivas, que acabam definindo os rumos de toda a obra. Como explícito desde o lançamento da enérgica Best, vozes, arranjos e principalmente as batidas assumem o controle das 11 canções que sustentam o registro, revelando ao público um álbum que se mantém dinâmico até o último instante.
Dividido em duas porções distintas, mas que se completam com a chegada da faixa-título do disco, La Vie Est Belle / Life Is Beautiful revela no primeiro catálogo de composiçnoes o lado mais experimental (e até introspectivo) da obra de Petite Noir. Salve a explosiva Best, instalada ainda na abertura do álbum, todo o restante desse curto acervo funciona como uma espécie de continuação do mesmo material proposto pelo músico no começo do ano, com The King Of Anxiety EP.
Em Seventeen (Stay), quarta faixa do álbum, por exemplo, vozes e arranjos se articulam de forma instável, presenteando o ouvinte com mais de sete minutos de pequenas manipulações rítmicas. Ao mesmo tempo em que a herança de Ian Curtis se faz evidente, difícil não encontrar na mesma composição elementos típicos da obra de Depeche Mode (sintetizadores) e TV On The Radio (percussão). Just Breath é outra que partilha do mesmo conceito, sustentando uma das porções mais entristecidas do álbum.
Passada a divisão gerada pela faixa-título, o álbum desemboca em uma seleção de músicas que reforçam o completo domínio de Petite Noir em relação ao pop. Enquanto MDR parece pronta para as pistas, raspando de leve na obra do TV On The Radio, principalmente no clássico Dear Science (2008), Colour e Down mantém firme a identidade do artista, incorporando desde vozes e bases dançantes, até colagens de eletrônicas e sintetizadores experimentais.
Com Chess encaixada cono faixa de encerramento, Ilunga mais uma vez cria uma pequena ponte para o trabalho lançado há poucos meses. Um misto de fechamento e ainda regresso, como se todo o material apresentado no interior do presente disco e as cinco faixas entregues há poucos meses não fossem tão distintas, mas sim parte de uma mesma obra.
La Vie Est Belle / Life Is Beautiful (2015, Domino)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: TV On The Radio, Shamir e Kelela
Ouça: MDR, Just Breath e Chess
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.