Disco: “Let England Shake”, PJ Harvey

/ Por: Cleber Facchi 09/02/2011

PJ Harvey
Alternative Rock/Female Vocalists/Indie Rock
http://www.myspace.com/pjharvey

 

Algo de muito estranho tem acontecido com PJ Harvey nos últimos anos. Desde que tentou se reinventar com o álbum White Chalk de 2007, quando trocou as guitarras por pianos e o peso pela calmaria, que a musicista britânica não é mais a mesma. Tudo bem que esse último disco mostrava o esforço da cantora em evitar uma sequência repetitiva em seus trabalhos (e de fato o álbum conta com ótimos momentos), Mas essa nova fase na carreira de Polly Jean precisa acabar, e o mais urgentemente possível, prova disso é seu mais novo trabalho de estúdio, Let England Shake (2011).

Se em White Chalk faixas como Grow Grow Grow faziam a eterna dama do rock alternativo soar uma quase Joanna Newsom mais enérgica, nada nesse novo lançamento consegue agradar ao ouvinte em nenhum momento. A aura bucólica que se estendia no último disco aqui também se faz pressente, embora venha carregado de experimentalismos desnecessários que fazem você se perguntar o tempo “o que PJ Harvey está fazendo?”.

Tudo bem que a britânica já deixou mais do que claro que o som “pesado” explorado através de álbuns como Dry (1992) e Rid Of Me (1993) ficaram no passado (e ao que tudo indica não mais vai voltar), mas então que ao menos desse continuidade ao som comportado do qual provou no último trabalho de estúdio, e que tanto público como crítica aprovaram. Mas não, Harvey prefere “inovar” mais uma vez, e o resultado só poderia ser esse catastrófico álbum. Entretanto essa predisposição da garota pelo estranho e o experimental não vem de hoje, basta observar o álbum Is This Desire? lançado em setembro de 1998. O flerte com a eletrônica, toques discretos de jazz e rock experimental já apontavam os rumos de sua carreira.

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Tudo em Let England Shake chega de maneira forçada e excessivamente incoerente. A homônima faixa de abertura ao menos se prende no básico, embora pareça mais uma sobra de estúdio do trabalho anterior de Polly Jean. Contudo ela passa longe do ritmo dado à composição seguinte The Last Living Rose, uma música insossa e que vem acompanhada por arranjos de sopros livres de qualquer entusiasmo. E que mania é essa de usar instrumentos de sopro? O que é aquele trompete descaracterizado em The Glorious Land? Inovação? Experimentalismo? Com certeza não.

Uma coisa é certa: é preciso parabenizar PJ Harvey pela coragem em se aventurar por canções tão debilitadas e ainda lançar isso de maneira séria. Sobra até pra ela brincar de ser Björk em On Battleship Hill e Written On The Forehead. Claro que essa é uma brincadeira sem o mínimo de graça.

Apesar em achar a atitude de bandas como The White Stripes e LCD Soundsystem, uma decisão errada, afinal, o público deve acompanhar seu artista mesmo nos piores momentos e torcer por sua redenção, essa talvez seja a melhor escolha para Harvey e suas composições vergonhosas. Ela não precisa nem parar de vez, apenas dê um tempo, um longo tempo antes de lançar algo novo, quem sabe assim seja possível filtrar canções como todas estas que fazem parte de seu novo álbum.

 

Let England Shake (2011)

 

Nota: 5.8
Para quem gosta de: Tori Amos, Cat Power e Patti Smith
Ouça: Dry (1992), Rid Of Me (1993) e Stories from the City, Stories from the Sea (2000)

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.