Disco: “Little Hell”, City and Colour

/ Por: Cleber Facchi 02/06/2011

City and Colour
Canadian/Indie/Singer-Songwriter
http://www.myspace.com/dallasgreen

 

Por: Fernanda Blammer

Não existe fim para o sofrimento do cantor e compositor Dallas Green, que ao lado de alguns esporádicos parceiros se apresenta sob o nome de City and Colour. Em Little Hell (2011), o músico canadense reforça a imagem sofrida que tem realçado em seus anteriores lançamentos – Sometimes (2005) e Bring Me Your Love (2008) – se entregando em meio a lamentos dolorosos e uma instrumentação que segue pela mesma temática depressiva de suas letras. Embora evidencie uma capa adornada por cores múltiplas é na escuridão que o cantor se esconde, destilando faixas que primam pela comoção e que devem acalentar (ou agravar) a situação de alguns corações solitários.

Em férias de sua banda original, o Alexisonfire, grupo de post-hardcore do estado de Ontário (que esse ano deve voltar com disco novo), Green afasta-se de mesma temática que envolve seu projeto paralelo e ruma para a produção de um som, que embora valorize as guitarras acaba se voltando a um som muito mais acústico e intimista. Assim como em seus anteriores registros é perceptível a figura do músico solitário, derramando seus lamentos como quem dialoga frente à frente com o ouvinte, fazendo com que suas composições transpareçam uma sinceridade única.

Inverso aos seus anteriores trabalhos, Little Hell soa como um disco grande em seus múltiplos aspectos. Primeiro em suas letras, com Green concentrando um conjunto de versos peculiares (Grand Optimist), metafóricos (Fragile Bird) e em sua maioria de profunda melancolia (Little Hell). O segundo aspecto que reforça sua grandiosidade vem do instrumental variado do disco, escapando da fórmula básica de seus dois primeiros álbuns, onde o uso de violões e uma proposta compacta era o que predominava. Entretanto, mesmo que soe como um disco “maior”, o “diálogo com o ouvinte” permanece intenso.

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O apoio (principalmente) de um delicado arranjo de cordas traz para dentro do disco uma atmosfera ainda mais sorumbática, cercando quem venha a apreciar o álbum com um toque cuidadoso de introspecção. Em Northern Wind esse é o tipo de som que conduz o ouvinte. Embora abra a faixa em meio ao uso de acordes compactos de um violão, os acréscimos de violoncelo posteriormente adicionados dão maior destaque à faixa, rompendo o que poderia ser simples e tradicional, amargurando a faixa de forma bela.

Além das canções mais moderadas do disco, Dallas Green investe profundamente em faixas dotadas de um peso maior e apoiadas intensamente no uso de guitarras. Mesmo que o primeiro single do disco, Fragile Bird, já demonstrasse isso, são canções como Weightless e Sorrowing Man que acrescentam peso ao álbum. Em ambas as faixas, o músico explora seus instrumento de forma a tirar sons amargurados, aproximando-se tanto de uma vertente que rume para o alternative country, como dos sons mais densos de sua outra banda. Bem espalhadas pelo trabalho, tais composições trazem ainda mais qualidade ao novo disco, tornando-o muito mais do que um mero acoplado de faixas sofridas e acordes penosos.

Além dos vocais, violões e guitarras, Green desenvolveu boa parte dos pianos e da percussão do álbum, contando com a presença dos músicos Anna Jarvis, Daniel e Ian Romano, para respectivamente cuidarem do violoncelo, guitarras e bateria do trabalho.  Little Hell, como o próprio nome já diz, provavelmente servirá de trilha sonora para os mais variados “pequenos infernos” pelos quais a vida segue em determinados momentos. Talvez ao som do álbum tudo soe de forma mais aceitável, ou quem sabe de maneira ainda mais dolorosa.

 

Little Hell (2011)

 

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Alexisonfire, Death Cab For Cutie e Copeland
Ouça: Northern Wind

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.