Gotye
Australian/Indie/Electronic
http://gotye.com/
Por: Fernanda Blammer
Wouter De Backer ou simplesmente Gotye é um artista singular dentro do panorama musical australiano. Enquanto boa parte de seus conterrâneos – entenda como Cut Copy, Art Vs. Science, Miami Horror e Pnau – preferem brincar com a música eletrônica de forma que ela soe instrumentalmente vasta e reverberando imensuráveis doses de synths volumosos, o artista (que é de origem belga, mas reside em Melbourne) parte em busca de um som muito mais atmosférico e que em diversas vezes quebra o básico ou as redundâncias que se fazem presentes por toda Oceania.
Embora acabe de completar dez anos de carreira, Gotye, diferente de tantos outros em seu país não conta com uma produção musical reconhecida internacionalmente, muito menos é detentor de algum grande hit ou faixa comercial capaz tocar na programação de alguma rádio ou programa televisivo convencional. Porém, isso está muito próximo de mudar, afinal, com Making Mirrors (2011, Independente), terceiro álbum do músico, a busca por uma sonoridade mais acessível, algumas letras memoráveis e a quebra do ambiente hermético dos anteriores trabalhos é o que parece delimitar a obra do músico.
Dois anos, este foi o tempo necessário para que o artista naturalizado australiano juntasse todas as peças de seu novo quebra-cabeças. Por mais que Gotye ainda mantenha as mesmas experiências instrumentais e poéticas de seus dois anteriores trabalhos – Boardface de 2003 e Like Drowing Blood de 2006 -, em seu recente trabalho é a constante busca por novas tendências musicais (sejam elas contemporâneas ou vindas de diferentes épocas do passado) que ditam as regras das composições, com o músico surgindo como uma espécie de grande catalisador.
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Desde 2009 trabalhando na construção do álbum, em outubro de 2010 o músico apresentou ao mundo uma pequena, porém satisfatória mostra daquilo que o público encontraria futuramente com seu novo registro. Eyes Wide Open trazia as mesmas anteriores referências de seus últimos projetos, com Gotye cruzando doses de um pop melancólico com toques essenciais de batidas eletrônicas e mínimas projeções atmosféricas. Entretanto foi só ao apresentar seu novo single no último mês de julho que todos os olhares se voltaram para o projeto australiano.
Dolorosa, Somebody That I Used To Know chegava inundada por algumas transições pela soul music, um arranjo instrumental sombrio e a fundamental presença da neozelandesa Kimbra Johnson, cantora que transformava a faixa e uma das mais belas e melancólicas composições do ano. Quem esperava que o restante do disco viesse conduzido pelo mesmo ritmo e caráter suave do delicado single não irá se decepcionar ao se deparar com a totalidade de Making Mirrors, um registro que se veste de uma sonoridade conceitual, mas que dialoga constantemente com harmonias suaves e encaixadas com total esforço para prender o ouvinte.
Por mais que se revele como um trabalho bem desenvolvido e detentor de alguns bons singles – pelo menos cinco faixas do disco são extremamente acessíveis -, o álbum não se revela como um trabalho coeso e está longe de ser uma obra irretocável. Por todos os lados ecoam diversos defeitos, como as bruscas mudanças de ritmos na abertura do álbum, ou algumas composições que parecem similares em excesso, o que faz com que o disco mesmo agradável não soe mais tão interessante após algumas audições.
Making Mirrors (2011, Independente)
Nota: 7.5
Para quem gosta de: Kimbra, The Basics e Art Vs. Science
Ouça: Somebody That I Used To Know
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.