Disco: “Malibu”, Anderson .Paak

/ Por: Cleber Facchi 19/01/2016

Anderson .Paak
Hip-Hop/R&B/Soul
http://www.andersonpaak.com/

 

A colorida capa de Malibu (2016) indica o caminho assumido por Anderson .Paak no segundo álbum de estúdio. Em um passeio atento pelo Hip-Hop, Soul, Jazz e R&B de diferentes épocas e tendências, o cantor/rapper norte-americano finaliza uma obra tão íntima do trabalho assinado por veteranos como D’Angelo (Brown Sugar), Outkast (Aquemini) e Dr. Dre (The Chronic), quanto de novos representantes da música negra estadunidense, principalmente Kendrick Lamar (To Pimp a Butterfly) e Chance The Rapper (Surf).

Ambientado no mesmo universo temático do antecessor Venice, de 2014, o presente álbum utiliza de um rico acervo de histórias pessoais, personagens e conflitos extraídos de diferentes pontos da cidade de Los Angeles como um instrumento de construção dos versos. Canções que amarram cenários e sentimentos (Parking Lot), reflexões sobre o passado e presente (The Bird) ou mesmo pequenas realizações de Paak (The Dreamer), sempre preservando o colorido (e imenso) cenário que cresce ao fundo da obra.

Musicalmente detalhista, Malibu parece montado para seduzir o ouvinte logo nos minutos iniciais. São orquestrações delicadas, metais, sintetizadores resgatados da década de 1970 e todo um arsenal de colagens que reforçam a sonoridade versátil do disco. Uma obra atual, capaz de dialogar com a mesma produção de To Pimp a Butterfly e toda a curta discografia de Thundercat. Flertes e pequenas adaptações, mas que em nenhum momento distorcem a base autoral explorada por Paak desde os tempos como Breezy Lovejoy.

Ao mesmo tempo em que Madlib (The Waters), Kaytranada (Lite Weight), DJ Khalil (Heart Don’t Stand a Chance) e um time imenso de produtores acompanham o cantor até os últimos instantes da obra, é responsabilidade de Paak amarrar todo o catálogo de faixas montadas para o disco0. Além de assumir a autoria dos versos de cada uma das 16 canções de Malibu, parte expressiva do material conta com a produção assinada individualmente pelo cantor. Faixas como a inaugural The Bird e a empoeirada Parking Lot.

Em pequenas brechas ao longo do registro, a fundamental interferência de um time de vozes e rappers de peso da cena norte-americana. Nomes como SchoolBoy Q (Am I Wrong), BJ the Chicago Kid (The Waters), The Game (Room in Here) e Talib Kweli (The Dreamer), responsáveis por ocupar as pequenas lacunas deixadas pelo canto essencialmente melancólico de Paak.

Mais conhecido pelo trabalho em grande parte das canções de Campton (2015), último registro de inéditas do veterano Dr. Dre, Paak sustenta o presente álbum como uma possível extensão do mesmo material apresentado há poucos meses. Uma obra que se divide entre a necessidade do próprio artista em se apresentar ao grande público, estabelecer um universo de regras próprias e brincar com diferentes fragmentos do passado de forma sempre curiosa, referencial.

 

Malibu (2016, EMPIRE / OBE / Steel Wool / Art Club)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Chance The Rapper, Kendrick Lamar e Outkast
Ouça: Am I Wrong, Room In Here e Come Down

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.