Disco: “Massachusetts 2010”, Mathieu Santos

/ Por: Cleber Facchi 02/08/2011

Mathieu Santos
Indie/Experimental/Alternative
http://www.myspace.com/mathieusantos

Por: Fernanda Blammer

Ao longo de 2010, enquanto os nova-iorquinos do Ra Ra Riot preparavam o lançamento do seu segundo álbum de estúdio, The Orchard, a mente do baixista Mathieu Santos estava dividida em duas. Além de estar focado na construção do novo álbum de sua banda, o músico começava a preparar aquelas que seriam as iniciais composições relacionadas ao seu primeiro registro em carreira solo, trabalho que acaba de ser finalizado e chega portando o inusitado título de Massachusetts 2010.

Lançado através da Barsuk Records, mesmo selo que abriga sua paralela banda, o trabalho que conta com pouco mais de meia hora de duração propõem uma sonoridade muito próxima daquele ressaltada pelo Ra Ra Riot, principalmente se observarmos seu último álbum de estúdio. É quase como se a delicada obra de Santos fossem alguma espécie de dissidência daquilo que é produzido através do seu grupo, intercalando melodias adocicadas com algumas leves passagens pelo indie rock dos anos 90.

Contudo, enquanto dentro da discografia de sua banda a sonoridade se estabelece em busca de uma climatização quase sempre voltada para a construção de uma música pop, festiva e levemente grandiosa, em sua estreia o baixista – que aqui toma conta de boa parte dos instrumentos do disco além de deixar fluir sua voz – busca por um tipo de som recluso e em alguns momentos até experimental. Em suas bases, as canções transparecem um tipo de musicalidade dividida entre o dançante e o sombrio, mantendo o registro dentro de uma constante tensão musical.

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Embora a canção de abertura, I Can Hear The Trains Coming (que é também o primeiro single do álbum) seja capaz de cativar o ouvinte, cruzando doses de experimentações com um pop radiofônico que ecoa os anos 60, a canção seguinte, Massachusetts puxa o disco para seu lado mais sombrio, propondo uma forma de som que ao contrário de agradar parece feita para afastar o ouvinte. A mesma tonalidade segue na faixa seguinte, I’d Go, que de alguma forma remete ao clima proposto pelo Panda Bear do primeiro disco, Person Pitch de 2007, enquanto tenta em alguns momentos trazer uma ambientação mais radiante e pop.

Massachusetts 2010 é um disco acima de tudo confuso. Como dito, ao mesmo tempo em que o disco puxa o ouvinte para perto dele, o álbum tem a capacidade de afastá-lo, mantendo seu ritmo o tempo todo dentro de uma fluência bipolar, como se o próprio Mathieu, idealizador da obra tivesse dúvidas sobre aquilo que ele de fato quer desenvolver. Inegável o quanto faixas como (I Just) Need To Know com seus tecladinhos pueris ou Silly Thoughts com seu experimentalismo pop conseguem agradar, entretanto, a sucessão de faixas que decepcionam são ainda maiores.

É visível o quanto o músico carece de uma produção eficiente em seu disco, sendo o melhor exemplo disso a faixa de encerramento The Bay/Where To Find Her. Até sua metade (The Bay) a composição é simplesmente desnecessária, com Santos reproduzindo acordes toscos e incompreensíveis, entretanto, do meio para o final o músico revela uma das melhores canções do disco, faixa que deveria estar entre as primeiras músicas do álbum ou no mínimo substituindo alguma das muitas criações desnecessárias que se revelam pelo disco. É realmente difícil entender o que o músico quer repassar com este disco, e é muito provável que nem mesmo ele saiba.

Massachusetts 2010 (2011, Barsuk Records)

Nota: 5.5
Para quem gosta de: Ra Ra Riot, Youth Lagoon e Jhameel
Ouça: I Can Hear The Trains Coming

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.