Cold War Kids
Indie Rock/Alternative/Soul
http://www.myspace.com/coldwarkids
Por: Cleber Facchi
Quando foi lançado em outubro de 2006 Robbers & Cowards, o trabalho de estreia dos californianos do Cold War Kids, imediatamente faz com que a banda circulasse entre os figurões do cenário independente daquele ano. Não era por menos, canções como We Used to Vacation, Tell Me In The morning e principalmente Hang Me Up To Dry eram hits fáceis, comercializáveis e abertos não somente ao público alternativo. Porém, o que muitos não perceberam era que para além destas três faixas haviam outras canções no álbum e que apontavam para uma banda não tão comercial, embora instrumentalmente muito mais evoluída.
Passado o frenesi a banda formada por Matt Aveiro, Matt Maust, Jonnie Bo Russell e Nathan Willett deu início ao que seria o segundo lançamento do grupo. Os burburinhos e a ansiedade se instalaram. Por todos os lados fãs aguardavam aflitos pelo novo álbum, até Lucio Ribeiro circulou por aí com uma camisa da banda enquanto dava entrevistas para alguns programas de TV. Veio então em setembro de 2008 Loyalty to Loyalty, o segundo trabalho de estúdio do quarteto e ao contrário do que se esperava o disco não dispunha de hits. Mesmo marcado pela mesma instrumentação, os mesmos vocais belíssimos de Willett, a ausência de grandes faixas comerciais fez o álbum passar quase esquecido.
Foram poucos os sites e revistas de música que ousaram comentar de maneira favorável sobre o novo álbum. Entre os raros que admiraram o recente trabalho estava a Paste Magazine, que disse em sua resenha sobre o disco: “Todas as coisas que fizeram o debut do Cold War Kids tão memoráveis – Indie Funk, solos de baixo e produção Lo-Fi – estão aqui, só que eles não são distribuídos em doses de perfeição como Hang Me Up To Dry”. E mesmo o próprio vocalista cantando na faixa Welcome To The Occupation “O diabo mora nos detalhes”, poucos puderam absorver o disco da maneira que ele realmente merecia.
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Passado a tensão do trabalho anterior o grupo voltou no final de 2009 com o EP Be Yourself. O pequeno disco vinha repleto de faixas inéditas em que os californianos uniam a mesma instrumentação perspicaz do segundo álbum agora adornada por toques de música pop, aos moldes do primeiro lançamento. O trabalho serviu para reaproximar aqueles que se afastaram da banda em seu segundo disco, assim como prepara o terreno para o novo álbum da banda. As gravações do terceiro trabalho ocuparam boa parte de 2010, enquanto a banda fazia esporádicos shows pelos Estados Unidos e registrava novos sons em estúdio.
Aos desavisados apenas uma dica: não vá ouvir Mine Is Yours (2011) o novo lançamento do Cold War Kids em busca de hits fáceis e faixas pegajosas. A banda já deixou mais do que claro que a sonoridade trabalhada por eles não carece de faixas descartáveis, mas sim de uma instrumentação cuidadosa e profundamente detalhada. Contudo, negar a maior acessibilidade no novo álbum seria um erro. Comparado ao trabalho anterior o terceiro disco dos californianos é muito mais volátil. Em verdade o grupo soube inserir faixas até mais comerciais, sem que essas canções venham para ocultar as demais canções do álbum.
Além do natural foco na soul music há uma perceptível aproximação da banda com outros gêneros, como o country e mesmo a música gospel. O grupo até presenteia os fãs do lado pop de seu trabalho com canções como Finally Begin, uma dessas canções feitas para emocionar e compor a trilha sonora de alguma série médica norte-americana.
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Mas é quando se prendem aos arranjos grandiosos que o CWK entrega o ouro de verdade. Out Of The Wilderness é a simbiose mais do que perfeita entre vocais, guitarra, baixo e bateria. A faixa vai crescendo de maneira monumental, sempre acompanhada pela bateria coesa de Matt Aveiro que serve de reforço para que os vocais de Willett alcancem um padrão até agora não empregado pela banda. Ao vivo a faixa deve se transformar em uma espécie de celebração junto do público.
E basta observar, não apenas uma canção agrega essa mesma sonoridade voltada para a celebração. Outras faixas como Skip The Charades, Bulldozer e Louder Than Ever (o primeiro single lançado pelo grupo ainda em 2010) carregam o mesmo detalhamento. Para quem reclamou de que a eficiente linha de baixo Matt Maust foi ocultada no trabalho anterior, em Sensitive Kid o músico deve suprir a necessidade do público. Broken Open apresenta esse lado mais country da banda, porém não vá esperando algo muito latente por parte do grupo.
Com Mine Is Yours o Cold War Kids não apenas deve resgatar os antigos seguidores que o abandonaram no segundo disco, como deve cativar um novo grupo de entusiastas através de suas faixas ainda mais elaboradas e dessa vez acessíveis. Quem chegou a pensar que o grupo teria fim com Loyalty to Loyalty enganou-se profundamente o grupo está mais vivo e ativo do que nunca.
Mine Is Yours (2011)
Nota: 7.8
Para quem gosta de: Delta Spirits, Modest Mouse e Born Ruffians
Ouça: Out Of The Wilderness
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.