Disco: “Mirage Rock”, Band Of Horses

/ Por: Cleber Facchi 11/09/2012

Band Of Horses
Indie/Alternative/Rock
http://www.bandofhorses.com/

Por: Fernanda Blammer

 

O grupo norte-americano Band Of Horses faz parte de um nada diminuto coletivo de bandas que desde o primeiro disco conseguiram cativar uma multidão de ouvintes e fieis seguires. Uma soma descomunal de espectadores devotos que auxiliaram de forma perceptível na transposição da desconhecida banda de Seattle para o topo dos grandes representantes do novo rock estadunidense. Com três discos de relevância incontestável na bagagem, a banda comandada pelo respeitável (e quase sempre melancólico) Ben Bridwell chega ao quarto disco de estúdio aproveitando dos mesmos inventos e marcas implantadas há quase uma década, referências antes essenciais, mas que aos poucos evidenciam desgastes na proposta do grupo.

Provável mostra mais comercial e vulgarmente pop de toda a curta trajetória da banda, Mirage Rock (2012, Columbia) prossegue de forma aberta e até dinâmica com as assumidas conexões estabelecidas com o cancioneiro norte-americano do disco anterior, Infinite Arms (2010). Longe do mesmo clima pulsante que se manifestava em faixas como Laredo, Compliments e Dilly, o grupo se aproxima de um resultado mais leve e radiofônico, manifestação que interage de maneira cativante no single de abertura Knock Knock e se estende de forma arrastada até a balada estradeira Heartbreak On The 101, no encerramento do disco. Fácil pela maneira como é conduzido, honesto pela forma como as letras se apresentam, ao tocar o quarto disco a banda deixa mais do que claro que mesmo próxima de alguns incontroláveis erros consegue manter um assertivo controle. Ao menos por enquanto.

Por mais que o disco ainda esteja longe de assumir os mesmos acertos densos e penosos dos dois primeiros discos de estúdio – os clássicos Everything All The Time (2006) e Cease to Begin (2007) -, com o recente trabalho a banda deixa apontamentos visíveis de que está interessada em abraçar uma nova soma de ouvintes, o famigerado “grande público”. A proposta parece percorrer toda a extensão do álbum, que em nenhum momento se afasta de uma estrutura comercial pontuada por vozes fáceis e letras que flutuam redondas nos ouvidos do espectador. Dosando momentos de sutileza com picos de “agressividade” embalada por boas doses de guitarras (vide Dumpster World) o álbum parece apresentar ao público e ao próprio grupo um caminho que deve definir os futuros lançamentos do (hoje) quinteto.

 

Convidado para assumir a produção do disco, Glyn Johns (veterano que já trabalhou ao lado de bandas como Led Zeppelin, The Beatles e The Who) pouco interfere na construção do registro, que de uma forma ou outra mantém as mesmas bases do álbum passado e de outras passagens dos trabalhos iniciais. Sem o brilhantismo notável de Phil Ek, produtor que acompanhou o grupo durante os dois primeiros discos, a banda pena para apresentar faixas que se esquivem do básico ou acrescentem de fato alguma contribuição ao que fora entregue anteriormente. Falta fôlego ou algum motivo em especial (talvez uma dose extra de melancolia ou um novo pé na bunda) que estimule Bridwell e os parceiros a lançarem composições de fato marcantes. Há honestidade no que é proposto no decorrer do disco, todavia, tudo é muito frio e até artificial em alguns pontos.

Em Infinite Arms, mesmo visíveis alguns desajustes que impediam um maior crescimento do disco, até o ecoar da faixa de encerramento havia sempre a necessidade da banda em se manter coesa, dona de um som que aplicado de forma igualitária entre as diversas criações do trabalho. Se Laredo acelerava na construção do registro, Blue Beard puxava o freio, com a instrumentação se estabelecendo de forma essencialmente próxima e atrativa. Já Mirage Rock revela um oposto dessa exposição, com o grupo se entregando a diversas tonalidades que mesmo acessíveis não conversam entre si, aplicando a formação de um disco que aponta para diversos rumos, ao mesmo tempo em que para nenhum.

No meio do catálogo de músicas pouco relevantes (e até monótonas em diversos momentos), não é difícil separar algumas boas faixas que remetam aos iniciais acertos do grupo. Enquanto Everything’s Gonna Be Undone se aproxima de forma satisfatória do que fora pregado nas deliciosas passagens de Cease to Begin, Feud conversa diretamente com os momentos mais rápidos do disco anterior, acrescentando uma camada extra de guitarras que poucas vezes se manifestam na trajetória do grupo estadunidense. Musicalmente o novo disco talvez seja até maior do que o lançamento anterior, mas como dito, falta sentimento e o mesmo amargor atrativo que tanto nos impressionou há seis anos quando a banda foi apresentada.

Mirage Rock (2012, Columbia)

Nota: 5.5
Para quem gosta de: My Morning Jacket, The Shins e Bon Iver
Ouça: Knock Knock

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.