Disco: “Mosaik”, Siriusmo

/ Por: Cleber Facchi 18/03/2011

Siriusmo
Dutsch/Electronic/Minimal
http://www.myspace.com/siriusmo

 

Por: Cleber Facchi

Há quem diga que minimal Techno é um estilo musical dos anos 90 e que o mesmo deve permanecer por lá, porém, só afirmam isso aqueles que desconhecem o trabalho do produtor alemão Mortiz Friedrich, vulgo Siriusmo, um sábio na arte de criar composições eletrônicas eficientes e milimetricamente bem desenvolvidas. Depois de uma sequência de EPs muito bem gestados, eis que o rapaz chega com seu primeiro LP, um registro não apenas condizente com seus anteriores lançamentos, mas uma superação de tudo que já produziu.

Mosaik (2011) é como o próprio nome já diz, um exercício de encaixes bem alinhados que acabam por fim gerando uma forma compreensível. Da primeira à última faixa é isso que o produtor berlinense faz, um encaixe coerente de batidas, samplers, bases, vozes e os mais diversos tipos de som que por fim proporcionam momentos puramente dançantes além de faixas mais apreciativas.

Diferente de muitos produtores e DJs de música minimalista que explodiram na década de 1990, Friedrich não se atém a composição de faixas densas e compenetradas, que acabam muito mais contribuindo para o sono do ouvinte do que para a dança em si. Talvez o termo “minimalista” deva ser substituído por “preciso”, afinal, há muito de electro ali e bem pouco da exigência reducionista do minimal. Bad Idea, por exemplo, abre de maneira pacata, mas logo explode em batidas, vocais e ruídos muito mais voltados para o glitch.

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Assim como a foto que ilustra a capa, Mosaik parece um grande amontoado de sons e estilos, que após uma rápida observação podem parecer desalinhados, mas que logo se revelam estar encaixados de maneira precisa e consistente. No meio de toda essa bagunça musical, o produtor se permite passear por uma infinidade de ritmos, décadas e estilos, quase como uma Síndrome de Diógenes benéfica, onde nada deve ser jogado fora, tudo deve permanecer em seu devido lugar.

No meio desse mar de entulhos musicais o alemão nos proporciona desde tracks mais economistas, como a faixa que nomeia o álbum, repleta de teclados e batidas arrítmicas, cortes bruscos, mas tudo de maneira comportada e básica. Já faixas como Night Off despontam o lado mais enérgico do rapaz, além de certa consistência na forma como a composição acaba fluindo, soando menos excêntrica e mais “normal”. Talvez de todas as faixas Signal, quase no final do álbum é a que mais prova de múltiplos estilos, circulando em sons sem se ater a um padrão.

Talvez essa estreia de Siriusmo (o nome vem de uma banda dos anos 70, mais as iniciais do nome do produtor) possa parecer estranha ou pouco fácil em um primeiro momento, contudo, basta uma melhor apreciação do álbum para poder de fato perceber onde se esconde todo o brilhantismo do alemão. Ele pode até não ser um dos trabalhos mais inovadores dos últimos anos, mas que consegue nos tirar do tédio e propor um som altamente interessante, isso ele consegue.

 

Mosaik (2011)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: Mr. Oizo, Modelselktor e Bibio (do novo disco)
Ouça: Good Idea

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.