Chain and the Gang
Garage/Rock/Alternative
http://www.myspace.com/chainandthegang
Quem já assistiu filmes como E aí, meu irmão, cadê você (2000) dos irmãos Coen ou a adaptação cinematográfica de Stepehn King, À espera de um milagre (1999) deve se lembrar das cenas em que grupos de prisioneiros, todos acorrentados, fazem trabalhos braçais em alguma plantação, ou como nos desenhos animado são obrigados a quebrar pedras, sempre presos a enormes bolas de ferro para evitar uma possível fuga. Esse sistema de trabalho penitenciário forçado existiu na vida real e era popularmente conhecido como Chain Gang, algo como, a gangue da cadeia. Já nas mãos do maníaco Ian Svenonious essa referência vira música, e o acorrentado acaba sendo você.
Music’s Not For Everyone (2011) é o nome do mais novo trabalho de Svenonious que em 2009 se apresentou ao mundo (novamente) com Down With Liberty… Up With Chains, que apesar do nome não se envolve em nenhum momento com questões políticas e está muito mais interessado em se divertir. O “novamente” acima utilizado se refere ao fato de que o músico já é um velho conhecido da cena garageira. Seja em carreira solo ou ao lado de bandas como Weird War e Scene Creamers, o fato é que o músico já tem uma longa discografia, sempre fundamentada no garage rock, no blues e no experimentalismo.
Com o Chain and The Gang Svenonious parece ter finalmente encontrado uma postura mais “profissional” em seu trabalho. Em seus antigos projetos (principalmente com o Weird War) era visível certa aura de descaso e falta de compromisso com as criações, tudo vinha com uma pegada forçadamente jovem e inconsequente demais. Embora tudo soasse como uma grande brincadeira no início, aos poucos a coisa acabou perdendo a graça.
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Quando apareceu com a nova banda em 2009 através do disco Down With Liberty… ficava visível um enorme amadurecimento por parte do músico. Questões técnicas como o melhor uso dos instrumentos, sua voz e as letras canções soavam de maneira madura e muito mais firme. O que levou a isso não importa, o relevante é ver o bom trabalho do musico sendo feito, algo que com esse novo álbum se concretiza ainda mais.
Assim como o disco de estreia do Dirty Beaches – o excelente Badlands (2011) – o Chain and The Gang parece seguir uma tendência moderna, a qual se assume no reaproveitamento do rock clássico, só que o mergulhado em experimentalismos, gravações caseiras e uma linguagem mais próxima do garage rock dos anos 70. O mesmo vale para o blues, que chega de uma maneira desconstruída. Ambos os estilos estão lá, são perceptíveis, mas chegam de uma maneira estranhamente nova. Ian Svenonious mostra isso logo em Why Not?, faixa que abre o trabalho. Um rockão básico, mas que vai aos poucos se afundando em inserções ruidosas e cacofônicas.
Talvez uma audição de Music’s Not For Everyone, faixa que nomeia o disco, exemplifique isso melhor. O músico segue o tempo todo acompanhado pelos versos repetidos de “música não é para todos”, enquanto se engasga, dá a impressão de cuspir, faz sons de animais, sempre acompanhado por uma sonoridade ruidosa e hipnótica ao fundo. Claro que há espaço para faixas mais “fáceis” como Can’t Get Away e Not Good Enough, mas é no experimentalismo e nas excentricidades que o álbum alcança seus melhores momentos. Basta uma audição para que o grilhão já esteja preso à sua canela, difícil vai ser soltá-lo.
Music’s Not For Everyone (2011)
Nota: 7.4
Para quem gosta de: Weird War, Scene Creamers e Dirty Beaches
Ouça: Music’s Not For Everyone
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.