Boris
Japanese/Experimental/Drone
http://www.myspace.com/borisdronevil
Por: Cleber Facchi
Depois da ambição de Robyn em lançar três discos ao longo de 2010, quem segue a mesma linha de pensamento são os japoneses do Boris, que para 2011 pretendem despejar três pérolas do doom metal. Enquanto a sueca chegou com dois EPs e um disco que servia como mescla destes registros (além de portar algumas faixas inéditas), o trio de Tokyo prepara três álbuns inteiros com um total de 30 canções inéditas. Primeiro trabalho desse seguimento, New Album (2011) apresenta o grupo de maneira fácil, despretensiosa e quase pop.
Quem buscar dentro desse disco pelo mesmo resultado proposto em clássicos como Pink (2005) e Akuma No Uta (2003) vai encontrar uma surpresa. Nada de longos solos em estilo Drone, com poucas alterações de acordes e um som cacofônico e ambiental. Aqui é o aflorar de tons, ritmos e fórmulas que definem o trabalho. Pode-se dizer que este é o trabalho mais estranho, mas ainda assim interessante do grupo encabeçado por Atsuo, Takeshi e Wata. E falando nesta última, boa parte do disco é o brilho dos seus vocais que acabam prevalecendo.
Único dos três discos que conta com a interferência externa de alguém na produção – a banda convidou o músico conterrâneo Shinobu Narita para desenvolver o rumo do trabalho – New Album chama a atenção pela forma como explora diversas formas de som, sem de fato se ater a um único estilo ou seguimento. Há desde faixas pop como 希望 (hope), até canções que remetem a toda a climatização e seriedade dos discos anteriores, como a excelente Pardon?, com a banda proporcionando uma sonoridade sombria e melancólica.
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Se fosse necessário classificar este décimo quinto disco da carreira do Boris – A banda teve início em 1992, embora seu primeiro disco, Absolutego, só tenha saído em 1996 – sem dúvidas ele seria posto como experimental. A cada nova faixa o trio mergulha fundo na criação de um som que se diferencia por completo da canção anterior. Quem fica esperando por uma continuidade da sonoridade Noise Pop encontrada em Spoon, por exemplo, logo ouve a banda mudando radicalmente e soltando ジャクソンヘッド (Jackson Head), uma faixa puramente eletrônica e bizarramente agradável.
Mesmo sem soar parecido com nada que já tenha feito (exceto em algumas faixas) não há como não gostar desse novo álbum dos japoneses. Apesar da incoerência constante de ritmos, como se o disco fosse uma grande vitrine sonora, cada faixa é trabalhada de maneira cuidadosa, evitando que a banda caia no erro de se aventurar por um terreno inóspito sem saber o que virá a enfrentar. Puxar esse novo álbum do trio Boris para dentro da sonoridade sludge, doom metal ou drone é quase impossível, porém, tentar vê-lo como um disco de rock eletrônico não torna uma rotulação tão errônea.
Claro que um ouvinte que há tempos acompanhe os lançamentos da banda irá sentir forte estranheza durante todo o trabalho. Se não fossem pelos vocais, possivelmente New Album passaria como um trabalho de qualquer outro artista. Mas como dito logo em seu título, este é um novo disco e as possibilidades de novas experimentações são mais do que aceitas. A falta das faixas climáticas dos lançamentos de outrora se faz presente a todo o tempo, contudo, quando livre de uma busca por referências antigas o registro se mostra prazeroso e de puro interesse.
New Album (2011)
Nota: 7.6
Para quem gosta de: Earth, Sun O))) e Rollo
Ouça: 希望 (hope)
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.