Disco: “Panic Of Girls”, Blondie

/ Por: Cleber Facchi 01/06/2011

Blondie
New Wave/Rock/Female Vocalists
http://www.blondie.net/

Lá se vão mais de 30 anos desde que os nova-iorquinos do Blondie lançavam aquele que seria um dos marcos da New Wave: Parallel Lines (1978). O terceiro álbum do grupo encabeçado pela bela Debbie Harry e o guitarrista Chris Stein não apenas evidenciava o cenário formado na Nova Iorque dos anos 70 (junto de bandas como Television, Talking Heads, Patti Smith e The Ramones), como posicionava o então pouco conhecido grupo como um dos mais queridos daquele momento. Três décadas depois, a banda tenta reviver o mesmo feito alcançado em seu grandioso disco, propondo um álbum tão interessante quanto em seus tempos de glória.

Nono disco da carreira do grupo e fim de um recesso que vinha desde The Curse of Blondie (2003), Panic Of Girls (2011) escapa fácil dos erros cometidos pela banda em seus anteriores e menos inspirados trabalhos pós-anos 80. Maduros em sua forma física e instrumental, a banda encontra no uso de novos ritmos e na nova geração de músicos o principal elemento para seu recente disco. Seguindo pela mesma inspirada trilha deixada pelos retornos do The Cars, Gang Of Four e The Feelies, os norte-americanos mostram que o tempo e a idade são apenas empecilhos irrelevantes.

Obviamente seria um erro buscar nesse disco a mesma fórmula e o espírito alcançado pelo grupo em seus principais lançamentos, quase todos situados entre os anos 70 e 80. Afinal, mesmo que o tempo tenha exercido uma ação mais intensa sobre os os corpos e a aparências dos membros do Blondie, o rumo de seus integrantes (alguns casados, com filhos ou com uma linha de pensamento diferenciada) é o que de fato interfere na produção de seus trabalhos. Entretanto, à medida que  Panic Of Girls se desenvolve, mais ele se assemelha aos bons trabalhos do grupo, mesmo que dentro de uma linha muito mais suave e evidentemente longe da barulheira de outrora.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=SXX8rUV4p9A?rol=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=NNyVJILeEoM?rol=0]

Enquanto as guitarras certeiras de Stein e os teclados de Jimmy Destri eram os elementos que davam movimento aos primeiros trabalhos do grupo nova-iorquino, dentro do novo disco é a convergência de todos os instrumentos e a sonoridade fortemente voltada ao reggae o que dá destaque à obra. Mesmo que algumas canções como D-Day, Mother (primeiro single do álbum) ou Wipe Off My Sweat ainda tragam o grupo dentro da boa e velha fórmula new wave é a nova pegada dada ao álbum o que fornece à ele destaque. Surgem assim faixas como The End The End e Sunday Smile (cover do Beirut e que conta com a presença de próprio Zach Condon nos trompetes), ambas temperadas por uma musicalidade calorosa.

Mesmo aos 65 anos, Debbie Harry continua expondo seus vocais de forma tão estrondosa quanto na década de 1970, fazendo de What I Heard (além de outras faixas no decorrer do disco) uma bela mostra de todo seu potencial. O mesmo vale aos músicos, que fazem do novo álbum um exercício nada tedioso do que é fazer música, apresentando (principalmente nos hits do trabalho) uma série de bons acordes e uma sonoridade tão envolvente quanto a exposta em faixas clássicas, como Hanging On The Telephone, Sunday Girl ou One Way Or Another.

Além da sonoridade renovada, o grupo foi até o artista plástico holandês Chris Berens para que este assumisse a bela capa e o encarte que compõem o disco, trazendo uma aura mística ao trabalho. Composto de 11 faixas e abrindo espaço para que a banda se aventure em novas línguas – além do inglês há canções em francês e espanhol –  Panic Of Girls soa como o trabalho mais interessante do grupo em anos, superando qualquer coisa lançada após Eat to the Beat de 1979. Os nova-iorquinos podem não ser tão intensos quanto foram há três décadas, porém conseguem agradar na mesma medida.

Panic Of Girls (2011)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: The Pretenders, The B-52’s e Television
Ouça: What I Heard

[soundcloud width=”100%” height=”81″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/tracks/16063297″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.