Penguin Prison
Electronic/Pop/Electropop
http://www.myspace.com/penguinprison
Por: Cleber Facchi
Chris Glover, ou Penguin Prison como queiram, está longe de ser mais um desses “talentos musicais” que eventualmente acabam descobertos por algum figurão de alguma gravadora, e posteriormente acaba gravando seu primeiro e (na maioria dos casos) lastimável álbum. Vindo de uma série de distintos projetos musicais – que incluem ser membro de uma Boy-Band, integrar uma banda punk rock, se envolver com Hip-Hop, além de algumas incursões pela música gospel -, o músico nova-iorquino usa de sua vasta bagagem musical para transformar seu electropop em algo que para além de dançante consegue apresentar sua identidade.
Acompanhando a cartilha de artistas cada vez mais próximos da soul music e dos ritmos da black music, Glover faz de sua estreia através do Penguin Prison em uma sucessão de hits encorpados, repletos de ginga e uma tonalidade que o impede de se transformar em um propagador de algo redundante. Seguindo a mesma linha de uma alta parcela de artistas britânicos – que incluem Dan Black, Frankmusic e até o recente Wolf Gang em alguns momentos – a homônima estreia do norte-americano se esquiva do básico, proporcionando um trabalho pop em sua totalidade, porém longe de se manifestar como algo comum e que semanalmente é lançado através de algum grande ou pequeno selo.
Embora inspirado profundamente pelos sintetizadores da década de 1980, a linha de baixa funkeada que toma conta de grande parte das faixas do álbum mais do que imediatamente puxam a musicalidade de Glover direto para os anos 70. A trinca de abertura formada por Don’t Fuck With My Money, A Funny Thing e Golden Train deixam isso bem claro, com o músico se aproximando de uma sonoridade que se apoia tanto nos ritmos da dance music que marcaram o período, bem como no funk e em algumas doses de R&B (algo que se intensifica nos momentos mais intimistas do trabalho).
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Contudo, ao se entregar exclusivamente aos anos 80, Penguin Prison não apenas passa longe de cometer erros, como desenvolve uma sonoridade e composições que facilmente se transformariam em clássicos caso lançadas há 30 anos. É o caso de The Worse It Gets ou mesmo de Fair Warning, ambas músicas que parecem ter escapado diretamente da fluorescente década de polainas, penteados excêntricos e roupas coloridas. Enquanto a primeira segue por uma via mais instrumental e típica dos grupos de música pop da época, a segunda se volta para a produção de algo eletrônico, com o músico se afundando no uso de sintetizadores dançantes e uma percussão toscamente nostálgica.
Mesmo passeando através de tempos remotos da música, Glover mantém de forma constante uma aproximação com uma série de representantes atuais da música pop, o que impede que sua estreia se transforme em algo excessivamente voltado ao passado ou um trabalho que acabe datado após algumas audições. Um bom exemplo do passeio do norte-americano pelo pop ou mesmo a eletrônica contemporânea está em Desert Cold e In The Way, sendo a primeira faixa afogada em uma coloração indie pop pegajosa e a segunda uma filha quase direta do Cut Copy do álbum In Ghost Colours, isso sem mencionar as doses de Daft Punk da fase Discovery que se revelam por todo o trabalho.
Descontraído e pronto para as pistas, Penguin Prison transforma seu debut em um trabalho estrategicamente montado para acertar diferentes públicos, sem que para isso sejamos assolados por uma sonoridade visivelmente pretensiosa ou descartável. As experiências de Chris Glover em diferentes campos da música são obviamente o grande acerto do álbum, em que cada faixa traz escondida em suas texturas um verdadeiro catálogo de sons e tendências distintas, fazendo com que o disco, mesmo longe de soar revolucionário se apresente muito acima da média.
Penguin Prison (2011, Downtown Records)
Nota: 7.3
Para quem gosta de: Dan Black, Boss In Drama e Frankmusic
Ouça: Don’t Fuck With My Money
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.