Disco: “Return To 4Eva”, Big K.R.I.T.

/ Por: Cleber Facchi 21/04/2011

Big K.R.I.T.
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://www.myspace.com/bigkrit

 

Por: Fernanda Blammer

Embora trabalhos como My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010) do rapper Kanye West sejam necessárias para mostrar ao hip-hop que é possível explorar novas formas de sonoridade é necessário também, que determinados álbuns explorem o rap em seus contornos mais “roots”. Se West trouxe uma experimentação quase lírica ao seu último disco, Big Boi trouxe com Sir Lucious Left Foot: The Son of Chico Dusty (2010) esse outro lado, soando como o rap da década de 90. Seguindo pela mesma via, Justin Scott A.K.A. Big K.R.I.T. faz de sua nova mixtape um achado que se mantém atual, porém respeita suas influências.

Return Of 4Eva (2011) é um destes trabalhos que soam grande do começo ao fim. São 20 composições inéditas e um remix, em que os graves, as batidas, samplers e principalmente os versos se apresentam de maneira grandiosa, relembrando facilmente trabalhos lançados no final dos anos 80 e começo da década de 1990. Entre os artistas que devem ter passado pelos fones de Scott estão desde Wu-Tang Clan (assim como as dissidências RZA e Raekwon) e Public Enemy ou mesmo outros grandes figurões como 50 Cent, que trazem uma clara aproximação com o pop.

Se os clássicos marcam presença influenciando o trabalho de K.R.I.T, então a nova geração, composta principalmente rappers e músicos do Mississipi (estado de origem do rapper), marca presença dividindo os vocais e as palavras. O primeiro a aparecer é o conterrâneo David Banner, figurando naquela que é uma das canções mais acessíveis do álbum, Sookie Now. Mas é na presença da cantora de R&B Joi Gilliam – que já trabalhou ao lado do OutKast Raphael Saadiq – na faixa Shake It que a interação realmente acontece.

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Mais a frente quem participa é Big Sant, emprestando seus vocais graves para a faixa Made Alot, um quase oposto para Time Machine, faixa que conta com a participação de Chamillionaire, naquela que é uma das composições mais gingadas do disco, com seus versos repletos de referências científicas. O ciclo de participações finda com a presença de Raheem Devaughnem Players Ballad, que ganha toques deliciosos de soul music, abrindo espaço para que Big K.R.I.T.  despeje seus versos de maneira mais solta e repleta de romantismo.

Ao contrário do que se percebe em registros anteriores do rapper, como The Last King (2009) e K.R.I.T. Wuz Here (2010), o novo álbum soa de forma mais conceitual e menos amadora. Os clichês do rapper iniciante que faz um retrato de sua sofrida história dão agora lugar a letras mais densas, como Another Naive Individual Glorifying Greed and Ecouraging Racism, com Scott debatendo sobre questões de raça e sobre a “sobrevivência” do negro dentro da sociedade contemporânea. Os samplers também parecem melhor aplicados, sendo que muitas vezes é possível observar instrumentos, não apenas modulações, dando ao álbum um caráter muito mais orgânico.

Assim como Curren$y alcançou sua “maioridade” autoral com o duplo Pilot Talk (2010) e Wiz Khalifa partiu para sua profissionalização com Rolling Papers (2011), Big K.R.I.T. tem com Return to 4Eva seu ponto de maturação. Tanto no sentido instrumental quanto poético o rapper cresce de forma colossal, quando comparado a seus anteriores trabalhos. O novo disco pode não ser um desses clássicos contemporâneos do hip-hop, porém dá os mais apontamentos mais do que satisfatórios de que em breve teremos o rapper se responsabilizando por um verdadeiro clássico.

Return To 4Eva (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Curren$y, Pusha T e Wiz Khalifa
Ouça: Another Naive Individual Glorifying Greed and Ecouraging Racism

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.