Disco: “Rips”, Ex Hex

/ Por: Cleber Facchi 29/10/2014

Ex Hex
Indie Rock/Alternative/Punk
http://www.exhexband.com/

Por: Cleber Facchi

É difícil saber onde começa o trabalho de Mary Timony e as parcerias com outros artistas. Figura importante da cena de Washington, D.C., a cantora e guitarrista atravessou as últimas duas décadas colecionando passagens em diferentes coletivos ou mesmo projetos assinados individualmente. Obras acumuladas em grupos como Helium, Autoclave e Wild Flag, além de registros autorais lançados no começo dos anos 2000, mas que assumem sua melhor forma com a chegada de Rips (Merge Records, 2014), primeiro trabalho com as (novas) colaboradoras do Ex Hex.

Com título inspirado em um registro solo de Timony, lançado em 2005, a banda fez do som de Hot and Cold, no começo de 2014, a base para o material explorado em totalidade ao longo do presente disco. Vozes rápidas, guitarras sujas e versos pegajosos. Um meio termo entre o rock ensolarado da década de 1960, o Punk de 1977 e o som versátil incorporado pela veterana ao longo de toda a década de 1990.

Em um esforço emergencial, ainda que coeso, cada ato instrumental do disco funciona como uma espécie de resumo e nova interpretação do trabalho de Timony. Enquanto os arranjos de Beast e How You Got That Girl servem de ponte para os primeiros registros da guitarrista, peças como a inaugural Don’t Wanna Lose logo transportam o ouvinte para o presente, como se a guitarrista – ao lado das companheiras de banda Laura Harris (bateria) e Betsy Wright (baixo) -, projetasse um material (quase) inédito.

Ainda que a semelhança com o trabalho de Dum Dum Girls, Best Coast e demais coletivos de peso da cena californiana seja evidente ao longo da obra, basta se concentrar nos versos e vocais ao longo do disco para perceber a diferença no trabalho da veterana. Diferente de Bethany Cosentino, Dee Dee Penny e outras guitarristas/compositoras próximas, Timony brinca com o passado sem fazer disso o princípio para um material nostálgico. Apenas um resgate de experiências previamente incorporadas dentro ou fora de estúdio.

Livre de conceitos feministas, versos políticos e temas sérios abordados por Timony ao longo de toda a década de 1990, cada fragmento do presente disco funciona como um doce agregado pop. São canções de amor, versos simples e todo um arsenal de temas radiofônicos que movimentam o álbum sem exageros. Uma coleção de riffs prontos e vozes grudentas que explodem assertivamente dentro de músicas como Radio On, Hot and Cold e qualquer outra curva melódica do trabalho.

Mesmo encarada como a peça mais “simples” e acessível de toda a discografia da artista, Rips em nenhum momento ecoa como como um material descartável, vago. Partindo de um exercício de manipulação experiente, a cantora e o duo versátil de companheiras testam vocalizações, encaixam versos melódicos e arranjos de forma a projetar uma atmosfera própria para a obra. Uma versão adaptada e ainda autoral dos “melhores momentos” de Tomony nas últimas duas décadas.

Rips (Merge Records, 2014)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Dum Dum Girls, Parquet Courts e Best Coast
Ouça: Hot and Cold, Beast e How You Got That Girl

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.