Vivian Girls
Lo-Fi/Noise Pop/Indie Rock
http://www.myspace.com/viviangirlsnyc
Depois de um bem sucedido trabalho de estreia, um segundo álbum nem tão inspirado e diversos projetos paralelos ao longo dos últimos anos, o trio Cassie Ramone, “Kickball Katy” Goodman e Fiona Campbell do Vivian Girls lançam seu terceiro trabalho de estúdio. Sem se desvincular do rock lo-fi dos trabalhos anteriores Share The Joy (2011) apresenta o trio nova-iorquino em um estado um pouco menos acelerado e até mais detalhista em suas composições. Diga adeus às faixas curtas e embebidas pelo punk do primeiro trabalho e diga olá ao som “amadurecido” desse novo álbum.
Quando a banda surgiu em 2007, as três garotas logo foram apadrinhadas pelos veículos de comunicação especializados (entenda como Pitchfork), que se encantaram pelo formato enérgico sugerido através de faixas como Such A Joke, Going Insane e simplíssima No. Por mais que o ouvinte tivesse aversão a sons distorcidos ou gravados em baixa qualidade era difícil não se interessar pelo debute das três garotas. O álbum homônimo lançado em 2008 consegue em pouco mais de 20 minutos te levar por um passeio sem volta através das guitarradas joviais e dos vocais gritados das três meninas. Um disco sujo, rápido e eficiente.
Porém o mesmo efeito não foi encontrado com o segundo disco. Everything Goes Wrong (2009) tenta de todas as maneiras se inspirar no álbum de estreia lançado um ano antes, entretanto apenas tenta. O disco pode até contar com alguns bons momentos, principalmente nas faixas iniciais do trabalho, mas da metade para frente é uma descida sem controle ladeira abaixo. É quase como se a banda tentasse parecer séria e instrumentalmente virtuosa, coisa que nenhuma das integrantes é. Boa parte do que faz o álbum de estreia ser um ótimo disco está no fato delas criarem um som simples e que flui no melhor espírito Punk.
Agora de selo novo – a banda lança o disco pela Polyvinyl Records Corporation, casa de bandas como Of Montreal e Japandroids – o Vivian Girls mostra logo em The Other Girls, canção que abre o disco, que elas não são as mesmas garotas dos álbuns anteriores. Nada de acordes diretos, bateria espancada ou a jovialidade dos dos primeiros álbuns.
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Nos quase sete minutos da faixa é a tentativa de fazer um som maduro que acaba prevalecendo. Não que ouvir Cassie Ramone solando uma guitarra por quase dois minutos seja desinteressante, apenas parece forçado. É como se cada elemento fosse excessivamente pensado antes de ser inserido, algo que não acontece dentro da espontaneidade do álbum de estreia.
Mesmo no segundo trabalho de estúdio havia ainda uma necessidade de compor faixas mais rápidas e versáteis, algo que parece totalmente abandonado com esse novo álbum. I Heard You Say, Dance (If You Wanna) e Lake House são uma sucessão de canções que custam a engrenar, mesmo quando é aplicado um peso maior na instrumentação o resultado parece não ser tão interessante. É quase como se o trio tocasse de maneira fatigada, como se tivessem envelhecido décadas e não dispusessem mais da mesma energia de outrora.
Fica claro também o quanto os projetos paralelos das garotas acabam interferindo dentro desse disco. Tanto o pop suave do La Sera, projeto de “Kickball Katy” Goodman, como o The Babies de Cassie Ramone (em parceria com Kevin Morby do Woods) deixam suas marcas dentro desse Share The Joy. Ou as faixas se perdem em meio a camadas densas de guitarras ou acabam se voltando para um pop sujo com toques de surf music. Talvez Take It As It Comes seja a única faixa a absorver todas essas referências externas e se transformar em algo acessível. A linha de baixo marcante, a guitarra bem conduzida e os vocais esvoaçados conseguem pela primeira vez traduzir essa fase “adulta” do Vivian Girls, feito inalcançado nas faixas restantes do disco.
Nos minutos finais do disco a banda até que consegue dar uma melhorada no desorientado funcionamento do disco. Vanishing Of Time lembra de leve um Best Coast menos polido, enquanto Death também mostra o lado maduro da banda sem que para isso precise se perder em meio a clichês e fórmulas repetitivas. Até Light In Your Eyes com seus pouco mais de seis minutos consegue soar agradável. Porém, esse curto lampejo de vivacidade é pouco para salvar o restante do disco. Se para algumas bandas o essencial é crescer o mesmo não vale para o Vivian Girls.
Share The Light (2011)
Nota: 6.8
Para quem gosta de: La Sera, The Babies e Best Coast
Ouça: Take It As It Comes
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.