Sondre Lerche
Norwegian/Indie Pop/Singer-Songwriter
http://www.sondrelerche.com/
Por: Fernanda Blammer
Qualquer um que em meados de 2001 se permitiu a ouvir o álbum Faces Down, trabalho de estreia do norueguês Sondre Lerche (na época com 19 anos) presenciava ali o nascimento de um dos mais intimistas músicos de sua geração. Simplista e apoiado quase inteiramente na construção de composições acústicas, o cantor originário de Bergen fez de sua estreia um dos trabalhos mais doces e melancólicos dos anos 2000, embora em seus sequentes lançamentos não tenha obtido o mesmo resultado. Dez anos após sua estreia, Lerche retorna de forma madura, longe de alguns erros do passado e mais uma vez pronto para nos emocionar.
Se alguém imaginava que os suaves acordes proporcionados pela dupla do Kings Of Convenience seriam os únicos redutos de calmaria e sofrimento vindos das terras nórdicas, o novo e homônimo disco de Sondre vem para mudar isso. Embora não se perca nas mesmas climatizações diminutas proporcionadas pela dupla Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, o conterrâneo mantém a mesma fórmula pacata, mesmo investindo com intensidade no uso de instrumentos que vão além dos tradicionais violões ou arranjos de cordas já conhecidos de seus trabalhos.
Depois de algumas tentativas frustradas em desenvolver um disco de “música pop”, com o recente trabalho Lerche finalmente conquista o que vem tentando há alguns anos. Os sons moderados que abrem o disco, com o cantor destilando suas melodias em um violão, além de expor os tristes versos da faixa Ricochet servem apenas de base para o que aos poucos começa a crescer. Logo chegam mais violões, guitarras, teclados e bateria, tudo organizado de forma quase orquestrada, sempre acompanhando os doces vocais do músico. A beleza revelada pela canção comove, e isso tudo é apenas a primeira faixa do disco.
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A sequência formada por Private Caller e Red Flags, com Sondre soando de forma completamente distinta aos seus primeiros discos acabam por revelar não apenas um bom compositor, mas um aplicado músico. O uso simplista dos violões, antigamente empregados na obra do norueguês, agora vem executados de forma grandiosa. O destaque também fica por conta de McKenzie Smith, baterista do Midlake e que traz vivacidade ao uso do instrumento dentro do disco, dando condução ágil e um ritmo diferenciado ao álbum.
Mesmo que soe como um trabalho distinto dentro da carreira de Lerche, o atual registro é um álbum que começou a ser construído ainda em 2009. Em seu quinto disco, Heartbeat Radio (2009), Sondre contou com a produção do músico Kato Ådland, que soube como romper a fórmula repetitiva estabelecida pelo norueguês logo após seu disco de estreia e apontar a ele novos rumos musicais. A eficácia do anterior álbum aqui se repete, em que além da presença de Ådland surge o também produtor Nicolas Verhnes (que já trabalhou com Spoon, Animal Collective, entre outros), que traz ao disco esse caráter orquestral além do investimento em novos instrumentos.
Com todos esses elementos sobra à Sondre Lerche apenas nos presentear com seus vocais, e claro, seus versos. Com o sexto álbum, o norueguês não somente restabelece a mesma beleza encontrada em seu disco de estreia, como consegue superá-lo. É possível traçar inúmeras referências ou sons similares ao do cantor, porém, o músico parece mover seu álbum de forma distinta, como se nada fosse similar ao que por ele é projetado.
Sondre Lerche (2011)
Nota: 7.8
Para quem gosta de: Kings Of Convenience, Jens Lekman e The Decemberists
Ouça: Private Caller
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.