Secret Cities
Lo-Fi/Indie/Dream Pop
http://www.myspace.com/secretcitiesmusic
Por: Fernanda Blammer
O excesso de criatividade de alguns músicos nem sempre pode ser encarado como algo benéfico, já que a tentativa de lançar trabalhos em sequência (ano após ano) pode muitas vezes comprometer uma carreira. Entretanto o mesmo não pode ser dito ao trio norte-americano Secret Cities, vindo da fria cidade de Fargo. Quem se encantou com o lançamento do ótimo Pink Graffiti (qualquer semelhança com Ariel Pink é mera coincidência) em 2010 sentirá o mesmo do atual disco do grupo.
Ao contrário do debut lançado pelo trio Marie J. “MJ” Parker, Charlie Gokay e Alex Abnos no ano passado, Strange Hearts (2011) o atual trabalho do grupo segue com um caminho menos sofrido, despontando a todo momento acordes alegres e um tido de som bem direcionado. Se durante toda a estreia, ou mais especificamente nas sinceras Pink Graffiti PT.1 e 2 a banda conseguia produzir um som deprimido, através de suas melodias sujas e sons feitos com um toque de sofrimento adolescente, no presente álbum são poucas as faixas que conseguem alcançar isso.
Mesmo que as letras não alcancem o mesmo resultado obtido em 2010, o mesmo não pode ser dito da instrumentação da banda. Menos densas, as guitarras, teclados e até a percussão funcionam de maneira mais prática, alegrinha, como se o sofrimento de épocas passadas fosse rapidamente esquecido. O resultado desse contentamento se expressa em canções como Always Friend, soltando até alguns acordes meio praieiros e que facilmente garantirão ao grupo algumas rotulagens errôneas como de “chillwave” ou “indie surf”.
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Aos que se encantaram com a sonoridade menos radiante do trio, pequenas e descontentes canções suprem a nostalgia recente. É o caso de Love Crime, que mesmo que inicie dentro de uma sonoridade densa, logo se transforma em uma música descompromissada, feita para dançar de maneira calma. Ice Cream Scene é outra, seja pelo arranjo de vozes bem elaborado ou pela sonoridade carimbada pelo Dream Pop (quase ausente de guitarras), mas o fato é que a tristeza está ali presente, mesmo que de maneira controlada, como se aos poucos fosse expulsa.
Em Pink Graffiti fica visível o quanto a sonoridade era tratada de forma realmente caseira, sendo que era praticamente impossível identificar com propriedade todos os instrumentos que circulavam ao longo do disco. Strange Hearts já passa outra sensação, a de “limpidez”. Mesmo que ainda haja a mesma poeira instrumental de outrora há uma maior percepção, tanto dos vocais quanto dos instrumentos aplicados no decorrer do álbum. Seja um melhor estúdio, ou uma opção da banda, mas perceber um violino ao fundo de The Park, por exemplo, já é um bom começo.
Assim como a capa colorida do álbum, o novo trabalho do Secret Cities desponta um toque policromático em suas composições. Os pequenos vestígios encontrados ao longo do álbum e que remetem ao disco de estreia são elementos fundamentais, uma espécie de aviso para que os momentos radiantes não ocultem os erros e tristezas do passado.
Strange Hearts (2011)
Nota: 7.6
Para quem gosta de: Puro Instinct, Ariel Pink’ Hunted Graffiti e Acrylics
Ouça: Strange Hearts
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.