Disco: “Strange Pleasures”, Still Corners

/ Por: Cleber Facchi 22/05/2013

Still Corners
Dream Pop/Synthpop/Indie
http://stillcorners.tumblr.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Still Corners

Dois anos, este foi o tempo necessário para que os britânicos do Still Corners apurassem as próprias composições e fossem capazes de solucionar o que foi claramente testado em Creatures of an Hour (2011). De posse do segundo registro em estúdio, Strange Pleasures (2013, Sub Pop), a banda londrina trata da presente obra como um exercício de aprofundamento e também descoberta. Ainda íntimo da mesma natureza etérea que apresentou o grupo, o novo álbum vai de encontro ao experimento, mas sem romper com a aproximação com a música pop, transformando cada composição do registro em uma manifestação exata do título da obra, um estranho prazer.

Embora revele um conjunto de faixas inéditas, parte do que é manifesto no decorrer do álbum parece se conectar diretamente ao que Beach House e principalmente Chromatics testaram no último ano. Enquanto a medida climática parece expandir o propósito de Bloom (2012) ou mesmo inventos anteriores ao presente universo da dupla Victoria Legrand e Alex Scally, cada porção de sintetizadores encontrados no trabalho se relacionam com o mesmo encaminhamento imposto em Kill For Love (2012). Uma proposta de dança tímida, como se os ingleses soubessem exatamente em que instante da obra parar.

Talvez por conta dessa necessidade em se manter constantemente “preso”, há na manifestação do álbum um exercício que segue lento, pelo menos durante a primeira metade das canções. Traduzindo na ambientação mística de The Trip e Beginning To Blue uma espécie de continuação do que foi proposto no último álbum, a banda trata dos instantes iniciais da obra como um exercício fundamentado na amenidade da psicodelia bem como em resgates específicos do Dream Pop. Surge assim o ambiente mais delicado do disco, uma proposta que talvez se distancie da relação com ouvintes novatos, porém reforce o que foi testado em idos de 2011. Contudo, a partir de Fireflies os rumos se alteram e a nova proposta do Still Corners se anuncia.


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Porção mais “oitentista” da obra, a partir de Berlin Lovers é rompida a calmaria e a leveza dos sons para que os temas consistentes entrem em destaque. Bastam os sintetizadores dançantes e caricatos da sexta faixa para que o universo de inventos seguido em Future Age e Beatcity possam ser anunciados. Claro que momentos orientados de forma climática, como o que é impresso em Going Back To Strange e We Killed The Moonlight trazem de volta o disco para o terreno flutuante da abertura da obra, definindo com excelência o que caracteriza a produção de todo o segundo álbum dos ingleses: uma obra que dança tanto dentro como fora das pistas.

Assim como aconteceu com o Chromatics e outros artistas normalmente relacionados ao selo Italians Do It Better, cada faixa do disco explora as pistas com calmaria e sutileza continua. É nítida a necessidade do grupo em promover um som que ultrapasse os limites compactos do trabalho passado, entretanto, a vontade de abastecer uma obra ainda mais delicada, repleta de respiros cuidadosos e porções eletrônicas excêntricas parece ainda maior. Dessa forma não é difícil se perder em músicas como All I Know ou canções à exemplo da faixa título, no encerramento da obra, resultando em um exercício sempre atrativo para o ouvinte.

A julgar pelo crescimento entre o primeiro e o segundo álbum, talvez não seja uma surpresa se em um futuro próximo a banda for apresentar uma obra de verdadeiro peso e relevância não apenas dentro do próprio universo – que já parece bem delimitado. Por enquanto, há na delicadeza hipnótica de Strange Pleasures um claro aquecimento, como se o grupo estivesse ainda se descobrindo ou tentando agrupar com acerto tudo o que já parece instrumentalmente compreendido.

 

Still Corners

Strange Pleasures (2013, Sub Pop)


Nota: 7.5
Para quem gosta de: Chromatics, Beach House e Desire
Ouça: Fireflies e Berlin Lovers

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.