Foster The People
Indie Pop/Alternative/Pop
http://www.fosterthepeople.com/
Por: Cleber Facchi
“Desconfiança” é uma palavra que acompanha o Foster The People desde que Warrant, última canção do debut Torches (2011), chegou ao fim. Teria a banda californiana capacidade de produzir a mesma avalanche de Hits do primeiro disco? Pode Mark Foster apresentar canções tão marcantes e pegajosas quanto Pumped Up Kicks e Call It What You Want? A resposta para estas perguntas chega na versatilidade de Supermodel (2014, Columbia), álbum que mesmo longe da fluidez pop do primeiro disco, entrega uma série de conceitos curiosos do grupo.
Dividido entre “aquilo que a banda quer” e “aquilo que a gravadora obriga”, o novo álbum parece crescer sobre a base do antigo trabalho – mesmo que seus integrantes tentem explorar novos territórios. Enquanto músicas como Best Friend emulam todas as experiências lançadas em 2011 – incluindo o coro de vozes, as batidas dançantes e o refrão pronto -, outras como Pseudologia Fantastica tentam aproximar o trio de um novo e assertivo universo. Um meio termo entre a redundância e a criação que acaba atrapalhando o rendimento final da obra.
Assim como em Torches, toda a força do grupo é revelada logo na abertura do trabalho. Cumprindo a cota comercial do disco, Are You What You Wanna Be, Ask Yourself e Coming Of Age assumem todas as exigências do ouvinte médio, substituindo a possível simplicidade por pequenas doses de experimento controlado. São vozes ascendentes que repetem as experiências de coletivos de Indie Pop, sintetizadores típicos da década de 1980 e uma série de artifícios que devem acertar em cheio a antiga bases de seguidores da banda. Entretanto, é a na segunda parte do trabalho que o disco desanda.
Passada a agitação de Best Friend, faixa que ao ser colada com Nevermind revela o lado mais ensolarado e dinâmico do disco, uma sucessão de erros diminuem as chances da banda em encerrar o segundo álbum com acerto. Enquanto Beginners Guide To Destroying The Moon é uma tentativa (falha) do grupo em enveredar para uma atmosfera típica do Rock 90’s, Goats In Trees e Fire Escape revelam um pop morno não igualado nem na pior fase do Coldplay. Um esforço em parecer sério e compacto quando a grandeza (ainda é) o maior sustento da banda.
O maior erro da segunda metade do álbum talvez seja a incapacidade da banda em manter a segurança construída durante as primeiras canções. Exemplo evidente desse esforço esquizofrênico está na formação de Tabloid Super Junkie, música de encerramento do álbum. Cruzando fórmulas que vão do R&B ao rock plástico do primeiro disco sem ordem aparente, a canção se perde em uma sucessão de ambientações tortas, como um B-Side descartado do Gorillaz. Uma constante sensação de um disco feitos com pressa, quando, na verdade, levou três anos até ser finalizado.
Ainda que cambaleie em alguns momentos, Supermodel se destaca em relação ao que MGMT, Kaiser Chiefs e tantos outros grupos marcados pelo primeiro álbum enfrentaram no segundo disco. Presente nos instantes de maior esforço da obra, o produtor Paul Epworth faz valer durante todo o tempo a sensação de que o registro deveria ser entregue como EP, e não como um álbum completo. Não faltam canções que vão garantir o domínio da banda sobre o público, mas falta uma obra realmente marcante, capaz de durar mais do que algumas audições e um rápido descarte.
Supermodel (2014, Columbia)
Nota: 5.5
Para quem gosta de: Two Door Cinema Club, MGMT e Imagine Dragons
Ouça: Nevermind, Best Friend e Pseudologia Fantastica
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.