Funeral Party
Indie Rock/Dance Punk/Electronic
http://www.myspace.com/funeralparty
Embora o álbum inteiro já fosse encontrado na metade de 2010, The Golden Age of Knowhere (2011) a estreia do Funeral Party só chega oficialmente agora, depois de uma pequena edição do projeto inicial. O disco entrega de bandeja um som direto e dançante, típico das bandas de dance punk do começo da década passada, e é preciso concordar, a estreia do quarteto de Los Angeles é uma das coisas mais interessantes dos últimos dois anos. Nada de canções conceituais ou inovações sonoras, apenas rock feito para as pistas, algo que foi completamente esquecido nos últimos anos.
Sejamos francos: o grupo não apresenta nada de inovador e seu disco. Todas as faixas são praticamente idênticas ao que foi lançado por grupos como The Sunshine Underground (principalmente) e The Rapture no início dos anos 2000, quando o rock tinha de ser intenso, rápido e dançante, ou seja, como o rock tem que ser. E é mesmo sem inovar e fazer o que já foi consolidado, que o Funeral Party merece sim ser notado.
Onze faixas em que gritarias descontroladas aos comandos de Chad Elliott (também responsável pelos sintetizadores e teclados) invadem os tímpanos do ouvinte e fazem ele dançar quase obrigado. O grupo fica completo com as guitarras decisivas de James Torres, Kimo Kauhola no baixo e a bateria/percussão mais do que coerente de Tim Madrid. Todos os membros na faixa dos vinte anos e seguindo uma linha completamente oposta do que vem sendo utilizada na Califórnia, terra de origem da banda. Enquanto grande parte dos grupos conterrâneos vai atrás do rock distorcido, lo-fi e experimental, que virou marca quase registrada dos grupos de Los Angeles e região, o quarteto segue o oposto. Apesar de raivoso, o som da banda é limpo, plástico e fácil.
Mesmo que a sonoridade do quarteto não venha com nada que já não tenha sido feito, chamar as canções de cópias seria um erro. Desde que o The Rapture lançou Pieces Of The People We Love em 2006 (o último trabalho da banda até então), que uma avalanche de novos grupos vem tentando uma sonoridade idêntica, embora essa tentativa acabe sempre fadada ao fracasso. O Funeral Party é claramente uma banda de garotos que deve ter passado horas ouvindo as bandas de indie rock da década passada, assim como devem ter descoberto tardiamente os discos do Televison e do Gang Of Four. O som deles é, portanto uma fiel homenagem a essas bandas que tanto animaram suas festas, bebedeiras e sua adolescência.
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Há honestidade no som da banda, eles não estão aí para dominar o mundo, ou estão pouco se importando em lançar algo conceitual. O quarteto de Los Angeles quer apenas fazer um disco que anime as mesmas festas, bebedeiras e adolescência de outros garotos. E sinceramente: eles conseguiram.
Não há como resistir à tríade New York City Moves to the Sound of L.A (o título já diz tudo), Car Wars e Finale. Se você não se sente atingido por uma das faixas, a canção seguinte vai acabar te derrubando. Três pérolas do puro rock montadas com excelência para as pistas. Todos os instrumentos funcionam com perfeita coesão, porém é inegável o efeito que a percussão de Tim Madrid dentro do álbum. Mesmo as guitarras de James Torres não teriam o mesmo resultado se não fosse o som contagiante das batidas, pratos e chocalhos ao fundo das faixas.
A partir de Where Did It Go Wrong o grupo continua com a mesma intensidade e fôlego, embora em escala um pouco reduzida. A bateria e os efeitos de percussão assumem completamente o álbum. Just Because deixa transparecer, mesmo de maneira mais pop, uma forte aproximação com o som do These New Puritans em seu último álbum (Hidden, 2010), enquanto em Postcards of Persuasion e Giant Song o grupo transite pelo synthpop (de maneira ponderada), além de dar mais destaque ao rock e às guitarras.
Com City In Silhouettes o quarteto retoma as gritarias e a aceleração do início o que se intensifica com Youth & Poverty, que se não fossem os vocais pareceriam com algo claramente feito pelo Foo Fighters (dá quase para ver David Grohl tocando guitarra, berrando e balançando o cabelo como nos shows). Em Relics to Ruins voltam às guitarras mais lentas e o vocalista Chad Elliott deixa sua voz fluir de maneira menos gritada, mostrando de fato ser um bom cantor. O fechamento ao som da canção título do álbum entrega quase um lado emocional da banda, mesmo sem deixar o lado dançante de lado, afinal é para isso que eles estão aí, te fazer dançar.
The Golden Age of Knowhere (2011)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: The Sunshine Underground, The Rapture e The Vaccines
Ouça: Finale
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.