Disco: “The Past, the Present and the Possible”, Tahiti 80

/ Por: Cleber Facchi 22/02/2011

Tahiti 80
French/Indie Pop/Electronic
http://www.myspace.com/tahiti80

O som proposto pelos franceses do Tahiti 80 é aquele tipo de música que funciona na medida certa. Um pop rock pegajoso, acompanhado por pequenas inclusões de música eletrônica, livre de excessos e sofisticações. Basta dar uma olhada na discografia do grupo que se formou em 1993 para perceber como funciona a sonoridade do sexteto de Paris. Em The Past, the Present and the Possible (2011) quinto disco de estúdio, nada de novidades ou composições que tragam alguma coisa muito diferente do que foi trabalhado ao longo da carreira do grupo, apenas as velhas canções fluindo dentro da mesma linguagem deliciosamente programada.

Há mais de três anos sem lançar nada inédito – depois de Activity Center (2008) o grupo lançou Singles Club, uma coletânea só com suas melhores músicas em 2010- o novo trabalho deve sem dúvidas agradar a quem já acompanha o som dos companheiros Xavier Boyer, Médéric Gontier, Sylvain Marchand, Pedro Resende, Raphaël Léger e Julien Barbagallo. Tal quais os anteriores lançamentos o grupo surge com um pop fácil meio inspirado pela downtempo e pelo synthpop, quem quiser também pode comparar como uma versão mais jovial e menos lenta da dupla AIR.

Você não precisa ir atrás dos primeiros discos do grupo para entender como funciona seu som. A tríade de abertura Defender, Darlin’ (Adam and Eve song) e Gate 33 exemplificam com firmeza do que se trata a música do Tahiti 80. Enquanto a primeira joga boas doses de teclados e sintetizadores energéticos (parece com alguma coisa dos primeiros discos do Phoenix) a segunda mostra um misto de intimismo eletrônico com refrões explosivos e que consequentemente disseminam a vertente mais pop pegajosa da banda. A terceira mostra o lado mais “baladeiro” do sexteto, que vai se aventurando por boas doses de teclados e efeitos puramente eletrônicos. Fica claro que o som da banda consegue agradar desde quem se interessa pela música pop, o rock ou mesmo a música eletrônica sem fazer muito esforço.

A partir de Solitary Bizness o grupo se apoia na construção de canções cada vez mais detalhadas e afundadas nas influências eletrônicas. Em Want Some?, por exemplo, o sexteto destila uma faixa suave e que segue embalada por acordes dulcificados perdidos através de suaves melodias.

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Na sequência Easy entrega a faceta mais orgânica da banda se desprendendo momentaneamente do uso apurado de sintetizadores e dando uma maior vazão ao uso de novos instrumentos.

Porém, o ouro o Tahiti 80 reserva mais para o meio do disco com a faixa homônima The Past, the Present and the Possible. Os vocais de Xavier Boyer se unem em total perfeição com as expressivas camadas de sintetizadores e demais massas musicais, até lentamente diminuir o ritmo para a entrada de uma instrumentação acústica numa similaridade muito grande com as canções do Radiohead do álbum The Bends (1995).

Contudo dali até o fim do trabalho o grupo se concentra em composições apoiadas em repetições desnecessárias. Tudo bem que desde a primeira faixa a banda não entrega nada inovador ou que já não fosse encontrado nos anteriores lançamentos dos franceses. O problema está na completa ausência de inspiração dessas faixas. Enquanto nas canções iniciais o sexteto vai atrás de músicas mais voláteis e recheadas de detalhes eletrônicos as últimas canções se apoiam numa sonoridade bem mais descartável, praticamente um pop radiofônico sem caráter.

The Past, the Present and the Possible é um trabalho que funcionaria muito melhor se fosse vendido como um EP. O número reduzido de faixas limaria os excessos e presentearia o público com um som muito mais agradável. Esse quinto disco do Tahiti 80 demonstra o quanto uma reformulação na instrumentação e na forma de fazer musica da banda é necessária. É bem provável que esse seja o último registro da banda em que seja fácil aceitar esse tipo de som. Uma mudança é mais do que bem vinda.

The Past, the Present and the Possible (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Phoenix, Air e M83
Ouça: Gate 33

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.