Disco: “Too Young To Be In Love”, Hunx And His Punx

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2011

Hunx and His Punx
Garage Rock/Punk/Pop
http://www.myspace.com/hunxsolo

Por: Cleber Facchi

Quando se fala sobre o encontro entre o punk e a música pop mais do que imediatamente pipocam artistas do “pop punk”, como Fall Out Boy, A Day To Remember, Paramore e afins. Porém, para muito além de uma soma de artistas descartáveis do cenário norte-americano, a mistura entre os dois estilos pode resultar em algo realmente interessante, como faz Seth Bogart e seu mais recente projeto, o divertidíssimo Hunx and His Punx.

“Imagina se o Girls e o Teenagers (as bandas, ok?) tem um filho, e ele nasce gay”, não há melhor definição para o som do grupo do que essa dada pelo Luis Felipe Salvador lá no Oh My Rock. Embora carregue o “peso” do rock de garagem, boas pitadas de punk, sons dos anos 50 e 60, o que predomina é um pop gay, nem tão colorido, mas levemente dançante. Em todas as dez faixas que dão vida ao disco (poderiam ser mais) Bogart e seus parceiros descem uma sequência de canções que vão da sedução ao drama, sem jamais perder o bom humor.

O Hunx and His Punx pega toda a gama de referências do rock contemporâneo através de doses sujas de guitarra e batidas abafadas de bateria sempre gravadas de maneira propositalmente precária. Você vai encontrar semelhanças com grupos como The School, um pouco de Jay Reatard, Ty Segall, Black Lips além de um número absurdo de outros artistas, porém nenhum deles consegue expor a mesma energização, o cheiro de couro e todo o aspecto vintage do trabalho.

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Depois do bom resultado alcançado com o lançamento do LP Gay Singles em 2010 – trabalho que funcionava como uma grande coletânea de canções avulsas do projeto – essa estreia oficial com Too Young To Be In Love (2011) deve facilmente catapultar o grupo para dentro do cenário independente californiano. E não para menos, em pouco mais de 30 minutos Bogart e suas belas parceiras nos encaminham para um túnel do tempo que percorre diversas décadas e todas de maneira precisa.

Não desmerecendo o cenário a que estão ligados, o grupo solta eventualmente alguns acordes com um foco maior na surf music, mantendo sempre no rock garageiro seu principal fio condutor. Intercalando vocais em um dueto divertido chegam pérolas como If You’re Not Here (I Don’t Know Where You Are), He’s Coming Back e Tonite Tonite (essa com uma das melhores instrumentações do disco). O grupo cola nos ouvidos já na primeira audição, agradando desde os interessados em um som marcado por um som sujo, quanto por quem busca pelas letras cômicas e românticas do álbum.

Too Young To Be In Love obviamente não é um trabalho que deva ser encarado como um clássico e revolucionário trabalho de estúdio (talvez até deva), mas serve muito bem em qualquer situação. Descompromissado, pop e descolado o disco eleva, no mínimo, o humor do ouvinte (ouvir Bogart cantando afetadíssimo é hilário), além de nos conduzir em meio a um passeio nostálgico e referencial. Só não esqueça da sua jaqueta de couro antes de embarcar nessa viagem.

Too Young To Be In Love (2011)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Black Lips, The School e Jay Reatard
Ouça: Lovers Lane

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.