Disco: “ValleyHeart”, She Wants Revenge

/ Por: Cleber Facchi 23/05/2011

She Wants Revenge
Post-Punk/Alternative/Darkwave
http://www.shewantsrevenge.com/

Por: Cleber Facchi

Foi ao unir post-punk com alguns toques de música eletrônica que a dupla californiana Justin Warfield e “Adam 12” Bravin deu vida ao She Wants Revenge em meados de 2005. Em meio ao hype de grupos fazendo um retrospecto do rock oitentista em uma levada descontraída e propensa à dança, o som do duo vinha como uma dose complementar, embora pouco acrescentasse ao cenário. Quatro anos após seu último disco, a banda traz de volta os mesmos sons e referências que os tornaram conhecidos, tirando um pouco o pé do acelerador e produzindo um som com foco maior no instrumental.

Nada de hits como Tear Your Apart, These Things ou Out Control, todas as faixas desenvolvidas em ValleyHeart (2011) seguem por uma temática mais comportada, menos dançante e excessivamente penosa. Se ao lançarem o autointitulado álbum de estreia em 2006 e This Is Forever em 2007 não havia nada de inovação, pelo menos a dupla não se afundava em um marasmo sonoro feito o que se encontra nesse novo álbum. Tudo parece muito polido, muito bem produzido, mas excessivamente básico e sonolento em sua totalidade.

A tentativa em fazer um trabalho mais “sério” e apoiado em canções “maduras” faz com que a banda esqueça o principal motivo que fez deles conhecidos: faixas fáceis, dançantes e descartáveis. A abertura do álbum com Take The World, modulando sintetizadores de forma compacta e inserindo complementos de forma cuidadosa, até consegue enganar e apresentar esse caráter evoluído do álbum, porém conforme a faixa vai se desenvolvendo o sono começa a prevalecer. Se não fosse pelo leve entusiasmo de Kiss Me (com o grupo lembrando um Interpol em seu pior momento, ou seja, o atual) seria possível tirar um bom cochilo logo no abrir do disco.

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Se determinados discos são “quase perfeitos”, alguns trabalhos “quase bons”, então ValleyHeart é “quase ruim”, afinal, ele precisa de esforço para escapar do péssimo. Ouvir o álbum é como ser tomado por um Déjà Vu de 45 minutos, onde todas as faixas remetem à canções já conhecidas da banda ou de outros artistas, nesse caso, suas piores composições. Nada dentro desse terceiro álbum soa de maneira inédita, tudo pode ser encontrado de forma mais satisfatória e interessante em discos como Turn On The Bright Lights (2002) do Interpol ou na estreia do The Mary Onettes em 2007.

Em Not Just a Girl o disco enverga por uma via tão tediosa que a banda abandona o “post-punk” para trabalhar com um “rock coxinha” da pior qualidade. Evite ouvir essa faixa deitado ou envolto em algum confortável cobertor, pois não é nem preciso que a música chegue ao refrão para que os bocejos tomem conta e você caia em um sono tranquilo. Isso sem contar no que parece um descarado encontro entre Fake Plastic Trees do Radiohead (a partir do minuto 3:15 você entenderá)  e Yellow do Coldplay.

Não restam dúvidas de que o She Wants Revenge, que nunca foi muita coisa, hoje não é nem metade do que fora no passado. Falta identidade, esforço e sensibilidade por parte de sua dupla de integrantes, que transformam o novo álbum em um verdadeiro martírio, mas não por suas letras “sofridas”, e sim pela inexistência de qualidade que cobre todo o trabalho. Entre ouvir a banda de hoje os os suportáveis hits do passado, a resposta fica mais do que clara antes mesmo da primeira canção chegar ao fim. Se mesmo com todas essas restrições você ainda pensa em experimentar o disco, então boa sorte (e paciência), pois você vai precisar.

ValleyHeart (2011)

Nota: 2.0
Para quem gosta de: Interpol (pós-Our Love To Admire), Coldplay e I love you but i’ve chosen darkness
Ouça: Kiss Me

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.