Mood Rings
Indie/Lo-Fi/Dream Pop
https://www.facebook.com/MoodRings
Por: Fernanda Blammer
Desde o lançamento do álbum Before Today (2010), obra-prima do Ariel Pink’s Haunted Graffiti, brincar com os sons alicerçados na década de 1980 passou a ter novo significativo. Nada de se apoiar em sintetizadores desgastados e versos fáceis que ocuparam boa parte dos anos 2000, a busca por um som de natureza homogênea e composições melódicas parecia ser um princípio natural ao gênero. Alimento para toda uma nova geração de artistas, que encontraram no arsenal do grupo norte-americano um ponto de ruptura e novidade, a obra de Ariel Rosenberg volta a se repetir na estreia do Mood Rings, banda que encontra na mesma proposta dos veteranos um espaço autoral para crescer.
Desenvolvido em cima de vozes e sons acomodados em uma mesma frequência instrumental, VPI Harmony (2013, Mexican Summer), estreia do grupo, abre as portas para o cuidadoso cenário flutuante que acomoda as canções da banda – original de Atlanta, Georgia. Como se todos os sons fossem sobrepostos em um bloco denso de melodias, o trabalho encontra na essência de Rosenberg um princípio, nunca o todo. Dessa forma, é possível viajar pelo Dream Pop tímido do quinteto sem esbarrar em possíveis redundâncias, resultado autêntico que a banda cerca até os últimos instantes do trabalho.
Desenvolvidos como uma espécie de instrumento, os vocais de William Fussell ocupam toda a extensão do registro, uma espécie de guia voluntário aos recém-chegados. Sempre brandas, as vozes se esparramam de forma a encontrar nos sintetizadores um tecido uniforme, base que parece esticada da faixa de abertura, Dark Flow, até o encerramento grandioso de Charles Mansion. Uma espécie de linha temática que acompanha o ouvinte de forma controlada e ao mesmo tempo impede que o álbum se perca em exageros climáticos, como os que a banda até busca apresentar em diversos momentos do registro.
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De maneira voluntária – ou não -, VPI Harmony parece dividido em dois blocos bastante específicos de músicas. O primeiro diz respeito ao uso de sons naturalmente lentos e vocalizações confortáveis. É o caso de faixas como Get Lost, que se fosse lançada há alguns anos passaria facilmente despercebida como uma canção esquecida do Deerhunter no álbum Halcyon Digest (2010). O mesmo vale para a delicada The Line, composição que parece confortar Chairlift e Beach House em um mesmo cenário instrumental, substituindo os vocais femininos de Caroline Polachek e Victoria Legrand pela voz suave de Fussell.
Já o segundo grupo de canções representa o lado mais enérgico do quinteto. São músicas como a espontânea Minor Slaloms, que simplesmente acelera todos os elementos letárgicos da banda, alimentando o trabalho com pequenas catarses. O mesmo exercício se repete na curtinha Exorcised Painting, música que encontra no pós-punk um alicerce natural para o grupo. A presença de tais composições funciona como um mecanismo de quebra voluntária ao trabalho, como se ao mergulhar em exageros climáticos, a banda encontrasse na aceleração um respiro.
Na mesma linha de bandas como Selebrities e Pure X, o Mood Rings faz de VPI Harmony um trabalho de natureza intencionalmente nostálgica, como se olhar para a produção lançada há três ou mais décadas fosse um princípio natural para a invenção. Entretanto, longe de se acomodar em bases prévias e possíveis emanações copiadas, a banda parece disposta a buscar por identidade, algo que ainda pode crescer em um futuro próximo, mas, por enquanto, já parece bem encaminhado dentro do recente disco.
VPI Harmony (2013, Mexican Summer)
Nota: 7.6
Para quem gosta de: Pure X, Selebrities e Beach House
Ouça: The Line, Pathos y Lagrimas e Charles Mansions
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.