Disco: “W h o k i l l”, tUnE-yArDs

/ Por: Cleber Facchi 23/03/2011

tUnE-yArDs
Experimental/Indie Pop/Female Vocalists
http://www.myspace.com/tuneyards

Quando a californiana Merrill Garbus lançou seu primeiro disco através do projeto tUnE-yArDs em 2009 dois momentos marcaram tal estreia. O primeiro foi o de repúdio, muitos sites acharam o álbum excêntrico demais, dando notas baixíssimas ao esquisito Bird-Brains. Mais tarde, naquele mesmo ano os mesmos sites  incluiriam o disco em suas listas de melhores do ano, corrigindo o erro de desprezar um trabalho a primeira vista estranho, mas que logo se mostrava a frente de muito do que fora lançado até então.

Dando sequência ao mesmo tipo de som repleto de bizarrices folk, experimentalismos eletrônicos, batidas fora de ritmo, inserções de afrobeat e um descontrole controlado, a jovem de Oakland nos presenteia com o ótimo W h o k i l l (assim mesmo, com espaço entre as letras), outra pérola repleta de esquisitices pop. Você pode até afirmar que o trabalho lembra um pouco de Dirty Projectors (principalmente dos dois últimos discos), alguma coisa de Vampire Weekend e até Micachu, porém uma coisa é certa: tudo ali é fruto da mente insana de Garbus.

Se for para rotular o disco dentro de algum gênero, que este seja o “experimental”. Peguem como exemplo a faixa Gangsta. A faixa começa com sirenes de um carro de bombeiros, logo entram as batidas percussivas, os vocais imitando as mesmas sirenes, um ruído pesado da soma de diversos instrumentos, um teclado sério e Merrill soltando despretensiosamente sua voz. Excentricidade pouca? Então que tal Bizness, com a musicista até enganando na abertura do trabalho com um som sofisticado e doce, até a entrada da mesma esquisitice que acompanha as demais composições do álbum.

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Ao mesmo tempo em que tUnE-yArDs acaba envergando para um caminho repleto de sonoridades estranhas, ruídos “incoerentes” e batidas acalentadoras, não há como não perceber a visível aproximação com a música pop durante todo o disco. A californiana segue o mesmo exemplo de bandas como Dirty Projectors e Animal Collective, embarcando em um universo de experimentações sempre resolvidas de maneira fácil e contagiante. Talvez pelos vocais e pela forma como as guitarras e a bateria são conduzidos W h o k i l l se assemelha (e muito) à estreia do Born Ruffians, o também explosivo Red, Yellow And Blue (2008)

O novo disco se difere de maneira marcante do primeiro trabalho da cantora em dois aspectos. O primeiro está na forma de gravação, menos lo-fi e muito mais limpo, o som flui de maneira mais fácil aos ouvidos, permitindo que cada pequeno acorde seja melhor aproveitado. O segundo aspecto se refere à instrumentação. Enquanto Bird-Brains apontava um caráter mais freak-folk, o recente disco mostra a garota de maneira mais eletrônica e consequentemente menos limitada.

Lançado através do selo 4AD (casa de artistas como Frank Black, Deerhunter e Beirut) o álbum deve repetir o feito do primeiro disco, figurando entre os melhores lançamentos deste ano. E não é para menos, a maneira criativa como a musicista explora cada um dos sons desse álbum faz com que qualquer premiação futura seja mais do que merecida. Do começo ao fim do registro Merrill Garbus não decepciona o ouvinte, mantendo firme o passeio excêntrico do trabalho.

W h o k i l l (2011)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Dirty Projectors, Vampire Weekend e Born Ruffians
Ouça: Gangsta

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.