Fazer um disco apenas de covers no Brasil em geral acaba classificado como um trabalho de intérprete. Volta e meia alguma nova “voz” da MPB surge lançando um disco só com gravações de algum “medalhão” da música brasileira. Enquanto lá fora é comum o lançamento de álbuns que conta apenas com regravações de artistas independentes, a modalidade só começa a despontar agora no Brasil. Em 2010 dois trabalhos focam unicamente em dar roupagem nova à artistas da cena independente: “Hits do Underground” e “National Indie Hits”.
O primeiro, comandado por Miranda Kassin e André Frateschi elabora uma série de versões em dueto para algumas boas pérolas recentes do rock nacional. “Hits do Underground” passeia por canções como Semáforo (Vanguart), Magrela Fever (Curumin), 220 Volts e Dê (Cérebro Eletrônico) e Deixe-se Acreditar (Mombojó) atribuindo às faixas uma levada muito mais pop e pronta para as massas.
É estranho ouvir a suingada Magrela Fever transformada em algo que mais parece ter saído da trilha sonora da novela das oito. Ou ainda Dê, que ganha uma inserção de versos em sua abertura e perde completamente os ruídos e a atmosfera psicodélica de sua gravação original no disco Pareço Moderno de 2008. Já 220 Volts parece fluir com tranquilidade através dos diálogos entre Kassin e Frateschi. Contudo a atmosfera morna do resto do disco faz com que as faixas agradem, mas não consigam de fato motivar o ouvinte.
Já em “National Indie Hits”, comandado pela extinta Wry, temos uma série de boas canções do indie rock da década de 90 embalada pelas guitarras sujas da banda. Último disco lançado pela banda, a coletânea de faixas obscuras do rock nacional passeia por grupos como Pelvs, Astromato, MQN, Walverdes e Brincando de Deus.
O grande acerto da Wry na nova interpretação das faixas está em justamente manter-se próxima das versões originais, acrescentando ainda mais as já sujas camadas de guitarra e distorção, típicas da banda. O destaque fica para Novos Adultos do Walverdes em que o vocalista Mario Bross solta a voz cantando em português, algo que acontecia pouco nos discos de estúdio do grupo. “National Indie Hits” serve tanto como introdução aos trabalhos do Wry como para relembrar as bandas regravadas (boa parte delas já não existe mais). Um bom disco para os saudosistas do rock brazuca.
Hits do Underground (2010)
1. Semáforo
2. Magrela Fever
3. 220 Volts
4. Deixe-se Acreditar
5. Dê
6. Zeitgeist
7. Fita Bruta
8. Artista é o caralho
9. O dia em que seremos felizes
10. Só tetele
11. Rodando El Mundo
Nota: 6.0
Para quem gosta de:
Ouça: 220 Volts
National Indie Hits (2010)
1. Evisceration (Killing Chainsaw)
2. Canção do Adolescente (Astromato)
3. Precious Love (Low Dream)
4. I Feel You (Snooze)
5. Burn Baby Burn (MQN)
6. Angel’s Wheels (Sonic Disruptor)
7. Loveles (Pelvs)
8. Inside My Mind (again) (Vellocet)
9. Christmas Falls on a Sunday (Brincando de Deus)
10. Novos Adultos (Walverdes)
11. Kill Summertime (Space Rave)
12 . Guts (Pinups)
13. Not the Same (Biggs)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: Pelvs, Walverdes e Astromato
Ouça: Canção do Adolescente, Loveless e Novos Adultos
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.