Especial Planeta Terra Festival 2011: Interpol

/ Por: Cleber Facchi 04/10/2011

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Com o dia cinco de novembro se aproximando e com ele a chegada da nova edição do Planeta Terra Festival, nada melhor do que começar o aquecimento para aquele que é um dos maiores festivais de música do país. Depois de ter todos os ingressos vendidos em apenas 14 horas (um recorde para o evento), em sua nova edição o festival que será realizado mais uma vez no Paycenter em São Paulo deve seguir a mesma fórmula dos outros anos, oferecendo uma boa programação musical e uma organização impecável. Se você vai ao festival, mas ainda não conhece todas as bandas que irão se apresentar, não fique preocupado, afinal, durante os próximos dias vamos apresentar diariamente uma das atrações que tocarão no evento. Hoje: Interpol

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Formada em meados de 1997 na cidade de Nova York, a banda – hoje formada por Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino – é provavelmente a maior representante da grande safra de grupos que em princípios da década passada trouxeram ao Pós-Punk uma sonoridade e uma linguagem renovada. Sempre marcados por uma sonoridade densa e letras melancólicas, o trio vem de uma carreira quase impecável, sendo responsável por alguns dos maiores hits do rock alternativo lançados nos últimos dez anos, músicas como PDA, Slow Hands e NYC que surgem como grandes clássicos para a geração 2000.

Turn On The Bright Lights (2002, Matador Records)

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Primeiro trabalho da banda lançado em agosto de 2002, Turn On The Bright Lights surge como o produto final de mais de cinco anos de apresentações, EPs e singles lançados pela banda esporadicamente desde seu surgimento. Amargurado e conduzido quase inteiramente em cima das linhas de baixo projetadas por Carlos Dengler, o álbum é incontestavelmente o registro melhor organizado da banda, convergindo para seu interior algumas das maiores (e mais belas) composições já desenvolvidas pela banda norte-americana. Das guitarras pulsantes de Ostacle 1, passando pela melancolia exacerbada de Stella Was A Diver And She Was Always Down até o desfecho com a soturna Leif Erikson, o álbum denota uma concisão instrumental incomparável, com a banda toda caminhando em sintonia, deixando pouquíssimo trabalho para a dupla de produtores Peter Katis e Gareth Jones.

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Antics (2004, Matador Records)

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Muito embora não consiga agregar a mesma unidade instrumental proposta pela banda em seu primeiro disco, Antics segue fazendo uso da mesma musicalidade excepcional de outrora, sendo provavelmente o trabalho que concentra o maior número de hits do grupo, ou pelo menos as faixas mais conhecidas da banda. Menos hermético que seu antecessor, o disco se apoia em cima de uma sonoridade mais volátil, com letras calcadas em versos até mesmo pegajosos, algo que se reflete muito bem através de faixas como a dançante Slow Hands, C’mere ou mesmo Narc. Menos climático que o álbum de 2002, Antics reflete uma crescente instrumental até seus últimos segundos, reforçando o uso das guitarras, bem como o uso de vocais mais límpidos. Se com o primeiro álbum a banda conquistaria a crítica, com seu segundo lançamento o público seria fisgado, com o Interpol se transformando em uma das grandes bandas do período.

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Our Love To Admire (2007, Capitol/Parlophone)

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Lançado sob muita expectativa, Our Love To Admire, terceiro trabalho da banda concentra grande parte do que o antigo quarteto desenvolve em seus dois primeiros discos, embora apresente suas composições de maneira mais solta, menos compromissada, porém ainda assim interessante. O excesso de similaridade com os anteriores álbuns do grupo garantiram ao registro uma série de críticas, embora consiga armazenar em seu interior uma série de boas composições, faixas que em nenhum momento sujam a consistente carreira do grupo. Enquanto Pioneer To The Falls flerta com alguns toques de música erudita em alguns momentos, The Heinrich Maneuver segue fazendo uso da mesma sonoridade dançante que se abriga nas canções do segundo álbum, algo que se repete ainda em Who Do You Think?, essa fazendo uso de uma fluidez ainda mais radiofônica e despojada. Mesmo sob críticas, o disco acabou figurando em algumas das listas dos grandes álbuns de 2007, embora já deixasse mais do que claro que a banda não era mais a mesma.

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Interpol (2010, Matador/Soft Limits)

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Último trabalho da banda com a presença de Carlos Dengler no baixo – antes mesmo do álbum ser lançado ele já havia deixado o grupo alegando odiar seu instrumento -, o homônimo quarto registro do Interpol é sem dúvidas seu trabalho mais fraco. Apoiados no uso de uma sonoridade repetitiva e que se sustenta inteiramente nas antigas composições do grupo, o álbum além de apresentar músicas fracas reforça o uso de uma instrumentação desgastada e que parece se arrastar ao longo de todo o disco. Por mais que em suas principais canções de trabalho a banda até consiga agradar – algo bem exemplificado por Lights e Barricade -, o disco nada mais é do que uma grande cópia da própria sonoridade exaltada pelo grupo em seus tempos de glória. Dotado de 10 faixas, o registro foi o primeiro produzido e delineado pela própria banda.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.