Relespública
Brazilian/Rock/Mod
1989 – 2009
Por: Cleber Facchi
Quem observa o crescente número de bandas que passaram a se manifestar na cidade de Curitiba, Paraná a partir da segunda metade dos anos 2000 esquece que durante décadas foram poucos os corajosos capazes de darem continuidade a um talvez inexistente cenário voltado ao rock alternativo. Na ativa desde 1989, a Relespública foi durante anos a banda símbolo desse pequeno foco de resistência, honrando tal posição com canções sempre certeiras, movidas a boas doses de guitarras e servindo de inspiração para um bom número de grupos que nasceriam futuramente.
Desde que a banda se formou ao final dos anos 80 até a chegada do século XXI, apenas a figura de Fábio Elias, vocalista e guitarrista da banda se manteve inalterada. Em meio a trocas frequentes de integrantes, o grupo conseguiu registrar dois álbuns de estúdio – E o Rock’n’Roll Brasil?! (1998) e O circo Está Armado (2000) – e um EP, o clássico Mod de 1993. Entretanto foi com a chegada de Emanuel Moon (bateria) e Ricardo Bastos (baixo) que a banda alcançaria sua formação definitiva, um encontro que resultaria no melhor e mais completo trabalho da banda.
Contrário ao seu título, As Histórias São Iguais (2003, Monstro Discos), o terceiro álbum do trio paranaense surge para acrescentar certa dose de novidade ao trabalho da Relespública, com a banda produzindo suas melhores composições até então e envergando para a construção de um som cada vez mais melódico. Em 11 músicas, Fábio Elias e seus novos companheiros montam um retorno aos grandes representantes do movimento Mod que os inspiraram – The Who, Kinks e The Jam – apresentando um registro do mais puro rock ‘n’ roll.
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Mesmo que se dissolva como um registro mais acessível, revelando composições abertas para qualquer público, a banda em nenhum momento deixa de lado suas boas e necessárias guitarradas. Surgem assim pérolas como O Camburão, que mesmo tomada de poderosos acordes não abandonam uma condução dançante, ou a raivosa A Fumaça é Melhor do que o Ar, em que ao lado do cantor Nasi (na época, vocalista da banda Ira!), o grupo proporciona uma de suas composições mais sujas, faixa que melhor se aproxima das antigas referências da banda.
Ao mesmo tempo em que as guitarras se revelam de maneira crua e acelerada, o trio permite que algumas canções mais suaves possam se manifestar. Através de uma condução mais branda, delicadas composições como Marcianos e Sobre você passam a se manifestar ao longo do registro. Enquanto a primeira surge em meio a uma leve tonalidade psicodélica e movimentando uma instrumentação amena, a segunda concentra seus esforços em uma letra romântica e um ritmo menos denso, uma balda básica, porém agradável aos ouvidos.
A boa circulação de músicas como Garoa e Solidão, Notícias e Nunca Mais trariam destaque nacional ao trabalho da banda, que em 2006 gravaria um DVD ao vivo através do projeto MTV Apresenta, além de gravar em 2008 seu quarto álbum, Efeito Moral, firmando-se como um dos grandes nomes do rock brasileiro. Ao completar 20 anos de carreira em 2009 o grupo encerrou suas atividades, com o vocalista Fábio Elias seguindo com uma carreira voltada à música sertaneja, deixando aos fãs a saudade e um número nada pequeno de grandes composições.
As histórias são iguais (2011, Monstro Discos)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: Os Dissonantes, Mordida e Faichecleres
Ouça: Notícias e Garoa e Solidão
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.