Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 06/12/2011

The Bug
British/Electronic/Dubstep
http://www.myspace.com/thebuguk

 

Por: Cleber Facchi

 

Contra todos os minimalismos e prováveis excentricidades assimétricas que pudessem tomar conta do dubstep na segunda metade dos anos 2000, Kevin Martin, produtor, musico e jornalista britânico resolveu revolucionar. Nada dos beats instáveis que o conterrâneo William Bevan do Burial havia experimentado um ano antes com o clássico Untrue, nada das velhas exposições que entrecortaram todo o UK garage no começo do novo século, para o londrino, todo um universo de possibilidades foi aberto em julho de 2008 quando o mundo se deparou com as batidas suingadas e fluxo musical quente do invasivo London Zoo.

Terceira obra de Martin através do projeto The Bug – entre diversos trabalhos colaborativos e uma série de atividades voltadas à música eletrônica britânica, o inglês toma conta de nada menos do que sete projetos individuais, quase todos amarrados pela mesma veia musical -, o trabalho é de longe o mais assertivo lançamento que o produtor pôde proporcionar ao longo da carreira. Desde a década de 1990 se revezando em uma série de clubes pela cidade de Londres e responsável por um catálogo de incontáveis composições, Kevin utilizou do trabalho através do The Bug como uma grande síntese de todos seus grandes lançamentos.

London Zoo entrega todas as pistas de como irá se movimentar logo na faixa de abertura do trabalho, Angry. Utilizando como ponto de apoio os vocais do cantor britânico Tippa Irie, Martin vai calorosamente instruindo a composição por meio de beats acelerados e uma construção instrumental que passa pelo dancehall, flerta com o reggaeton e se desmancha em um colosso de versos fortes e pegajosos. Quente até a última batida, o álbum segue de maneira intensa, abrindo os caminhos para o que todas as 11 faixas seguintes irão promover.

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Se afastando de qualquer resultado demasiadamente experimental, The Bug parece exprimir todos os conceitos de sua obra nos momentos iniciais do disco. Dessa forma, torna-se praticamente impossível se desvencilhar do que Murder We, Skeng e Too Much Pain vão desenvolvendo. Com o ouvinte preso no universo de batidas esvoaçadas, versos normalmente carregados pelas drogas e o uso de um som dividido entre o orgânico e o artificial, seguir até o final do álbum é uma atividade tranquila e incrivelmente deleitosa.

Mesmo que seja o grande responsável pelo número absurdo de acertos que se revelam ao longo do disco, Martin faz com que o trabalho cresça visivelmente pelo composto coerente de colaboradores que o auxiliam no gerenciar do álbum. Entre importantes nomes do dub/reggae/grime britânico como Ricky Ranking e Flow Dan, quem realmente se destaca no decorrer da obra é Annette Henry, ou como prefere ser conhecida, Warrior Queen. Vocal de uma série de incontáveis hits lançados ao longo da última década, Queen surge como o tempero que faltava para o poderoso registro, despejando sua voz quente em faixas como Insane e Poison Dark, algumas das mais ricas canções do álbum.

Circulando com evidência pela imprensa mundial, London Zoo é um trabalho que se destaca justamente por não apostar em fórmulas consagradas ou seguir por caminhos já testados previamente, mas por desenvolver uma sonoridade e um caminho apenas seu. Se antes o dubstep parecia o reduto de um nicho ou um segmento musical voltado à um público totalmente específico, com este álbum The Bug não apenas conseguiu abrir novas fronteiras ao gênero, como conseguiu dar formas a um dos mais proeminentes registros de música eletrônica que não apenas Londres, mas o mundo todo pode ouvir.

London Zoo (2008, Ninja Tune)

Nota: 9.3
Para quem gosta de: Techno Animal, Africa Hitech e Zomby
Ouça: Angry, Insane e Too Much Pain

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.