Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 20/02/2011

Wonkavision
Brazilian/Power Pop/Indie
http://www.myspace.com/wonkavisionmusic

Algumas bandas só precisam de um único trabalho de estúdio para conseguirem registrar seu nome na história da música. Em âmbito nacional o Wonkavision é um desses grupos. Donos apenas de um singular lançamento, que saiu de maneira independente em 2004, Will (guitarra/vocal), Kiko (bateria/vocal), Manu (vocal/moog/teclados) e Guzz (baixo) alcançaram o que facilmente se enquadra como um pop perfeito, daqueles pegajosos, feitos para ouvir em looping e cantar a plenos pulmões.

O homônimo trabalho dos gaúchos é uma grande sucessão de acertos. Começa com a produção mais do que acertada de John Ulhoa do Pato Fu, o que solidifica a estrutura adocicada e grudenta do disco. Ao mesmo tempo em que há uma edificação de elementos acessíveis e pop, a banda não dispensa o peso nas guitarras. O Power Pop que vai de Teenage Fanclub, passando por Big Star e Weezer (principalmente) mostra que o quarteto não é apenas um grupo de garotos despejando canções plásticas e descartáveis, se eles são “fáceis”, pelo menos não são fúteis.

Outro elemento que se destaca na construção dos sons do álbum é o uso de teclados e sintetizadores vintage para dar um complemento suave às faixas. Cada uma das composições tem ou de maneira discreta ou evidenciada pequenas inclusões de bips e teclas excêntricas. De O Plano Mudou na abertura do álbum, passando por Nanana, até Rejection Junkie no encerramento do trabalho pode abrir bem seus ouvidos para perceber em pequena ou maior escala cada acorde de teclado. Estranho é imaginar como seria a banda sem esses acréscimos, mas com certeza não teria o mesmo espírito.

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Se a sonoridade da banda é jovial, as letras das canções não poderiam ser diferentes. Declarações de amor, separações, crises individualistas e qualquer tipo de problema que assola a vida dos jovens contemporâneos chega também de maneira direta através dos versos do Wonkavision. Talvez o maior acerto da banda esteja no fato de não se fechar em letras cabeçudas para traduzir seus sentimentos. Se há amor então ele vem direto, como uma simples declaração, o mesmo vale para os momentos de raiva, rejeição e até desequilíbrio.

Estranho que mesmo quando trata de assuntos sérios através de faixas como Comprimidos em que exalta a depressão ou sugestões ao suicídio em O Plano Mudou, a banda não perde o charme e a graça. Em nenhum momento versos como “vou tomar veneno puro” ou “vou cortar meu pulso agora” surgem de maneira agressiva, bem pelo contrário, parecem tão naturais e adocicados que fica praticamente imperceptível seu real significado.

Dois anos após o lançamento desse disco (que saiu apenas em caráter regional no Rio Grande do Sul) a banda faria um relançamento do mesmo, dessa vez preenchendo-o com algumas faixas extras e vídeos. O resultado seria a premiação do trabalho como melhor álbum de Indie Rock através do Prêmio Claro de Música Independente, além é claro do reconhecimento nacional tanto de crítica como de público.

Wonkavision (2004)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Ludov, Pato Fu e Vídeo Hits
Ouça: Ei, Não É Por Mal

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.