Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 21/02/2011

Acabou La Tequila
Brazilian/Alternative/Experimental

Certas bandas ganham reconhecimento e terminam marcadas muito mais pelos frutos que acabam originando após seu surgimento, do que por seus lançamentos em si. Um claro exemplo disso é o “extinto” grupo carioca Acabou La Tequila. Mesmo donos de uma discografia composta por apenas dois discos, a banda conseguiu influenciar boa parte dos grupos cariocas posteriores a eles, assim como seus integrantes dariam origem a uma série de novos trabalhos de pura significância.

A banda contava com a presença de Kassin, Renato Martins, Marco Donida, Nervoso e Léo Monteiro, além das presenças esporádicas de membros que mais tarde resultariam no Los Hermanos, Matanza, Canastra e vários outros grupos do Rio de Janeiro. No caldeirão sonoro do grupo que nasceu e morreu nos anos 90 é possível encontrar elementos do reggae, rock, ska, música brega e ritmos latinos, o tipo de som que grupos contemporâneos estão em busca, mas que há mais de uma década já era explorado pelo quinteto. O primeiro lançamento da banda saiu em 1997, o que culminou num bom reconhecimento por parte da crítica e público carioca. Já o segundo trabalho não fluiria na mesma tranquilidade.

Denominado O Som da Moda, o disco seria lançado em 1999, ano de sua gravação, entretanto problemas com a gravadora Abril Music fizeram com que o trabalho ficasse na geladeira. Foi só com o fim das atividades da empresa em 2003 que o grupo teria acesso ao trabalho e o lançaria em 2004 através do selo Ping Pong Discos, de Kassin. Porém aí seria tarde, o Acabou La Tequilo havia encerrado suas atividades e seus integrantes seguiram por outros caminhos.

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Tal qual o trabalho de estreia, esse segundo disco dá continuidade ao som que se foca na utilização de múltiplos ritmos e nuances, que vão da música brasileira aos sons do resto do mundo. A diferença estaria na forma mais polida dada às canções. Se no primeiro álbum as faixas despontavam um caráter “punk” por conta da forma de gravação e dos rumos tomados dentro do trabalho, com o segundo lançamento vê-se claramente um amadurecimento no som do quinteto.

A polidez do trabalho está também nas letras do álbum. Começa de maneira “crítica” com O Som da Moda, em que a banda debate sobre não fazer um som voltado para tocar nas rádios, passa por Eu Era Pop, que fala sobre… Ser pop, trata do coração partido em Ferina e brilha ainda em Tranquilo. Há até alguns espaços para escárnios em Pela Saco. Boa parte das canções desse álbum seriam mais tarde regravadas pelos integrantes em seus novos projetos, um exemplo é Dallas que figura no segundo trabalho do Canastra com uma sonoridade bem similar.

Por conta do mesmo Canastra, banda encabeçada por Renato Martins, o Acabou La Tequila faria um breve retorno em 2010. Através de algumas apresentações da banda de Martins o quinteto original do ALT se reuniu para pelo menos matar a saudade dos fãs mais saudosistas. Em algumas entrevistas recentes membros da banda já falaram sobre a possibilidade de um futuro disco, feito que sem dúvidas presentearia o público com mais algumas boas doses da sonoridade plural da banda.

O Som da Moda (2004)

 

O Som da Moda (2004)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Do Amor, +2 e Canastra
Ouça: Tranquilo

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.