Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 26/01/2011

Poléxia
Brazilian/Indie Rock/Alternative
2002 – 2009

 

Se hoje existe uma cena independente consolidada em Curitiba no Paraná, através de bandas como Sabonetes, Copacabana Club, Rosie and Me, Charme Chulo e outros grupos, esse cenário teve início lá no começo dos anos 2000 com duas bandas: Terminal Guadalupe e Poléxia. Enquanto a primeira dava vazão a um som politizado, a segunda preferia falar de amor e de dúvidas existencialistas. E com suas letras emocionais e sinceras que o grupo lançou em 2005 seu álbum de estreia, denominado O Avesso.

As influências da banda eram as mais claras possíveis. Horas de audições da discografia do Radiohead (principalmente da fase The Bends), o inicio do efeito Los Hermanos (que havia acabado de lançar o Bloco Do Eu Sozinho, 2001) e um pouco do Power Pop e do Britpop dos anos 90. Havia também uma clara predisposição do grupo em trabalhar com melodias pop, o que foi de extrema contribuição para que a banda fosse alavancada. O resultado é um trabalho de 14 faixas, com direito a canções instrumentais e alguns toques de experimentalismo, algo que até então era pouco encontrado no cenário nacional.

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Composta inicialmente por Rodrigo Lemos (guitarras e vocal), Eduardo Cirino (teclados), Raphael Moraes (baixo) e Neto (bateria) a banda disponibilizou sua estreia integralmente para download em sua página na internet, o que foi fundamental para que ao longo da curta carreira fosse cativado um forte grupo de fãs, principalmente nos estados vizinhos à sede da banda.

Ao contrário de muitos grupos independentes que passaram a surgir naquele período, o quarteto apostava bem menos em uma sonoridade simplista e mais na aplicação de arranjos elaborados. O uso dos teclados e a escaleta de Cirino vinham para dar maior detalhismo em canções como em Colando Estrelas e Violetas na Janela. As guitarras pegajosas de Lemos vinham como elemento de fomento para a banda trabalhar as melodias que davam vida às canções, que em união com as letras resultavam um produto pop perfeito.

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Por falar nas letras são elas as principais responsáveis pelo eventual sucesso do grupo. O texto confessional de Garotos de Aluguel, por exemplo, em que o personagem debate sobre o sexo e a ausência de amor, e que vem encabeçada pelo refrão “Eu vou te dar o meu prazer/mas com amor é mais caro/com amor é mais caro/O meu amor é mais caro/ Me diz quanto você pode pagar?” foi em boa escala responsável por aproximar o público na época. Bem observado havia um cuidadoso detalhe com cada uma das composições. A poesia de Lemos vinha trabalhada de maneira sutil e pensada para atingir tanto o público menos intelectualizado, como aqueles que buscavam por letras mais bem desenvolvidas. Se a sonoridade da banda era o corpo das canções, sem dúvidas eram as letras a alma.

Os curitibanos lançariam logo no ano seguinte um excelente disco acústico, de maneira independente e que tinha como convidados os principais músicos da cena alternativa da cidade. Mais tarde, em 2009 viria o excelente álbum A Força do Hábito, em que mais uma vez a banda destilaria acordes delicados e letras bem construídas. Contudo aquele seria o último disco do grupo. A Poléxia anunciava seu fim, e o cenário independente perdia mais uma grande banda. Ficariam os álbuns, mas que o grupo faria falta, e como faria.

 

O Avesso (2005)

 

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Sabonetes, Terminal Guadalupe e Ludov
Ouça: Polímeros

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.