Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 19/04/2011

Quinto Andar
Brazilian/Rap/Alternative Hip-Hop
1999 – 2005

Por: Cleber Facchi 

Bastou ao coletivo de rap Quinto Andar apenas um disco lançado em 2005 para entrar de vez no seleto grupo de artistas do hip-hop nacional, outros lançamentos teriam alcançado o mesmo feito se não fosse pela dissolução do grupo no mesmo ano de seu trabalho de estreia. Explorando as rimas sem se ater se ater às criticas sociais ou lutando por uma causa específica, o grupo criado no final do século XX trouxe elementos do cotidiano uma boa dose de bom humor na hora de usar suas palavras.

Inicialmente formada pelos rappers De Leve, DJ Castro e Shawlin, o grupo formado em 1999 teve posteriormente a entrada de novos nomes que despontavam no hip-hop naquele momento, como Kamau, MC Marechal, Bruno Marcus, Lumbriga e Matéria Prima. A ideia do coletivo carioca (cujo nome, segundo os próprios integrantes não tem significado algum) era a de propor uma temática contrária a desenvolvida no cenário paulista, explorando os versos de maneira mais solta e descompromissada, além de dar visibilidade aos seus integrantes, que encontravam dificuldade de lançar seus projetos de forma tradicional.

Antes de estrearem em formato físico, todas as canções do grupo eram disponibilizadas via internet, que embora começasse naquele momento a escapar dos nichos e se popularizando pelo Brasil trouxe boa repercussão ao projeto. A partir de uma parceria com a revista OutraCoisa, que além de trazer os conteúdos impressos fornecia o CD de algum artista (entre eles BNegão, Mombojó e Vanguart), o grupo conseguiu em 2005 fazer sua tão esperada estreia, comportando desde faixas já conhecidas do público naquele momento, até composições inéditas.

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Denominado Piratão (2005), como o próprio nome já diz, o disco é uma ode à pirataria, que embora estivesse há tempos em voga tinha naquele momento seu debate intensificado, muito por conta da queda da industria fonográfica, assim como as diversas apreensões de discos e produtos piratas em camelôs por todo o país. O próprio álbum trazia consigo a faixa Melô do Piratão, evidenciando todo o modus operandi da compra e venda de discos piratas de forma divertida e brincando com termologias próprias desse tipo de consumo. Afinal, “Se tu tá desempregado igual a toda a nação/Pra que comprar original quando tem o piratão?”.

O grupo, entretanto soube explorar temáticas diversas, tratando de amor, por exemplo, em Pra Falar de Amor, mesmo que de forma sarcástica ou ainda falando sobre o excesso de propaganda em Melô da Propaganda. Se as letras repletas de malandragem são o foco do disco, Rap do Calote é seu carros-chefe, dando forma ao “jeitinho brasileiro” através de seus versos. Instrumentalmente, o grupo explora novas sonoridades, como o funk em Ritmo do nosso país e o dub em Muita falta de anti-profissionalismo Dub.

Embora o Quinto Andar já tivesse seu lugar garantido no panorama do rap nacional, Piratão veio como uma espécie de confirmação disso, um registro material para firmar de vez o nome do coletivo. Divergências entre seus integrantes, porém fizeram com que o grupo encerrasse suas atividades no mesmo ano da estreia do disco, com seus membros seguindo em carreira solo ou buscando por novas sonoridades. Contudo, a história do Quinto Andar, essa já estava registrada.

Piratão (2005)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: De Leve, Kamau e Shawlin
Ouça: Melô do Vacilão

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.