Resenha: “BlackSUMMERS’night”, Maxwell

/ Por: Cleber Facchi 21/07/2016

Artista: Maxwell
Gênero: R&B, Soul, Neo-Soul
Acesse: http://www.musze.com/

 

Em julho de 2009, depois de encerrar o longo período de hiato que teve início após o lançamento do álbum Now, em 2001, Maxwell deu vida a um novo e inusitado projeto. Intitulado BLACKsummers’night, o registro de nove composições seria apenas o primeiro capítulo de uma sequência de três obras complementares. Trabalhos apresentado ao público com o mesmo título — a diferença está na seleção de palavras específicas em caixa alta —, porém, mergulhados em temas e ambientações instrumentais completamente distintas.

Sete anos após o lançamento do bem-sucedido registro, obra que serviu para apresentar o trabalho de Maxwell a toda uma nova parcela do público, o cantor e compositor norte-americano está de volta com um novo disco de inéditas: BlackSUMMERS’night (2016, Columbia). Produzido em parceria com os velhos colaboradores Hod David e Stuart Matthewman, o álbum nasce como uma extensão pop e dançante de grande parte da discografia do artista nos anos 1990.

Da forma como as vozes flutuam livremente ao uso descomplicado das batidas e bases de cada canção, Maxwell e o time de produtores fazem do disco um precioso diálogo com o presente cenário do R&B norte-americano. Em um mundo pós-Channel Orange (2012), o cantor revela ao público uma obra que não apenas absorve conceitos típicos de Frank Ocean, como rivaliza com a temática sedutora de Miguel no álbum Wildheart (2015) e ainda incorpora elementos da mesma atmosfera “luxuosa” explorada por Justin Timberlake em The 20/20 Experience (2013).

Longe de apresentar ao público uma simples obra de reposicionamento, durante toda a construção do trabalho, Maxwell faz de BlackSUMMERS’night um registro de possibilidades, novas interpretações e pequenos traços de identidade. Um bom exemplo disso sobrevive na própria faixa de abertura do disco, All The Ways Love Can Feel. São pouco mais de cinco minutos em que o cantor desenvolve um jogo sutil de falsetes, batidas e pequenas variações vocais que tanto se aproximam das pistas como de um cenário marcado pelo romantismo intimista.

Mesmo marcado pela novidade, durante toda a construção do álbum, Maxwell revela uma sequência de brechas criativas que apontam para os primeiros registros da carreira, como Urban Hang Suite (1996) e Embrya (1998). Perceba como a dobradinha formada por Lake by the Ocean e Fingers Crossed parece apontar diretamente para o final da década de 1990, esbarrando no uso de arranjos típicos do Neo-Soul produzido durante o período. Sobram ainda músicas como 1990X e Gods, dois exemplares do som pegajoso que dominava os programas de rádio há mais de duas décadas.

Dividido entre o passado e o presente da própria obra, o cantor faz de BlackSUMMERS’night um registro que mesmo tingido pela novidade, em nenhum momento se distancia da essência musical construída em mais de duas décadas de carreira. Da abertura ao fechamento do disco, cada composição não apenas confirma a relevância do artista nova-iorquino – capaz de dialogar com diferentes nomes da atual música negra estadunidense –, como garante novo fôlego à trilogia que teve início em 2009 e há muito parecia esquecida.

 

BlackSUMMERS’night (2016, Columbia)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Miguel, Justin Timberlake e D’Angelo
Ouça: All The Ways Love Can Feel, Lake by the Ocean e 1990X

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.