Resenha: “Light Upon The Lake “, Whitney

/ Por: Cleber Facchi 07/06/2016

Artista: Whitney
Gênero: Folk, Indie Pop, Alternative
Acesso: http://www.whitneytheband.com/

 

Versos tristes, declarações de amor e melodias que chegam até o ouvinte com extrema delicadeza. Em Light Upon The Lake (2016, Secretly Canadian), primeiro álbum de estúdio do coletivo norte-americano Whitney, Max Kakacek (ex-integrante do Smith Westerns) e o parceiro Julien Ehrlich (baterista do Unknown Mortal Orchestra) exploram sentimentos, histórias e confissões de forma sempre sensível, revelando ao público uma coleção de músicas essencialmente simples, mas que encantam pela composição agridoce de cada fragmento de voz.

Nascido das experiências e temas instrumentais anteriormente incorporados por cada integrante da banda – hoje completa com Josiah Marshall, Will Miller, Malcolm Brown, Print Chouteau e Charles Glanders – o álbum de apenas 10 faixas e exatos 30 minutos de duração parece flutuar entre diferentes cenários, décadas e referências musicais. Melodias aprazíveis, sempre acolhedoras, tão íntimas de veteranos que marcaram o folk psicodélico dos anos 1960/1970, como de nomes recentes, principalmente Girls, The Shins e Fleet Foxes.

A cada curva do álbum, um novo caso de amor é apresentado ao ouvinte. São histórias descritivas, como na inaugural No Woman (“Eu estive passando por uma mudança / Não poderia ter nenhuma certeza /  Caminho por uma névoa / Eu não estou pronto para mudar”), ou mesmo faixas que detalham versos típicos de qualquer casal, conceito que move a pegajosa No Metter Where We Go (“Portanto, não se sinta solitária / Eu quero que você saiba / Posso levá-lo para para sair / Eu quero dirigir por aí / Com você, com as janelas abertas”).

Um conjunto de composições descomplicadas, acessíveis aos mais variados públicos, produto de ideias e sentimentos universais. “Nós não tivemos um fim, eu sei / Acho que devemos tentar de novo … Eu não consigo dormir sozinho quando você está na minha mente”, confessa Kakacek na delicada On My Own. Sétima faixa do disco, a canção de base acústica parece sintetizar grande parte dos tormentos que movem o disco. Os encontros e desencontros, idas e vindas de qualquer relacionamento fracassado.

Peça mais encantadora do disco, Golden Days é outra que parecer servir de base para grande parte das canções que preenchem o trabalho. Enquanto o septeto brinca com os instrumentos, reproduzindo um som ensolarado que vai do Country ao Indie Pop do começo dos anos 2000, nos versos, o eu lírico se afunda em um passado ainda recente. “É uma pena que não podemos ficar juntos agora”, despeja o vocalista enquanto um coro de vozes se espalha ao fundo da canção.

Da abertura do disco, em No Woman, passando por faixas como Polly, Red Moon ou mesmo a própria faixa-título, Kakacek e os parceiros de banda criam uma obra que pode facilmente ser absorvida por qualquer ouvinte. Mesmo a escolha da banda pela construção de músicas mais curtas, canções de apenas dois ou três minutos, se revela como um grande acerto para o disco. Nada de excessos. Vozes, instrumentos, versos e sentimentos, todos as peças do trabalho se agrupam com leveza, revelando uma obra que parece pronta para grudar na mente do ouvinte mesmo em uma rápida audição.

 

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Light Upon the Lake (2016, Secretly Canadian)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: The Shins, Fleet Foxes e Kevin Morby
Ouça: No Woman, Golden Days e No Metter Where We Go

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.