Image

Ano: 2018

Selo: Jagjaguwar

Gênero: Rock, Rock Psicodélico

Para quem gosta de: Tame Impala, Pond e Mac DeMarco

Ouça: Not in Love We're Just High

8.0
8.0

Resenha: “Sex & Food”, Unknown Mortal Orchestra

Ano: 2018

Selo: Jagjaguwar

Gênero: Rock, Rock Psicodélico

Para quem gosta de: Tame Impala, Pond e Mac DeMarco

Ouça: Not in Love We're Just High

/ Por: Cleber Facchi 11/04/2018

Ruban Nielson sabe exatamente onde quer chegar com o Unknown Mortal Orchestra. Na contramão de outros representantes do rock psicodélico, sempre inclinados a replicar o trabalho de Kevin Parker (Tame Impala), o grupo neo-zelandês parece ter encontrado em uma linguagem própria, flertando abertamente com o uso de temas voltados ao R&B/soul dos anos 1970, porém, sempre preservando a essência ruidosa que caracteriza o trabalho da banda desde o primeiro álbum de estúdio.

Quarto e mais recente disco de inéditas do grupo, Sex & Food (2018, Jagjaguwar) talvez seja a melhor representação desse resultado. Do momento em que início, na climática A God Called Hubris, até alcançar a derradeira If You’re Going to Break Yourself, uma balada lisérgica que parece apontar para o final dos anos 1960, cada fragmento do disco cresce dentro de um universo próprio da banda — hoje completa pela presença dos músicos Kody Nielson (bateria) e Jacob Portrait (baixo).

São músicas compactas, concebidas a partir da lenta inserção de cada instrumento e voz, como uma extensão do som apresentado durante a produção do segundo álbum de inéditas do grupo, II (2013). Exemplo disso está em Not in Love We’re Just High. Entre versos amargos — “Disse que não estamos apaixonados / Estamos apenas fora das nossas mentes” —, guitarras carregadas de efeito servem de base para o canto melancólico de Nielsen, servindo de passagem para a faixa seguinte do disco, a também sensível If You’re Going to Break Yourself.

Para além da sutil reciclagem de velhos conceitos, satisfatório perceber em Sex & Food uma obra que autoriza os integrantes do UMO a se reinventar em estúdio. Do saxofone que invade a colorida Ministry of Alienation, música que parece ter saído de algum disco de Mac DeMarco, passando pelos arranjos de cordas em Hunnybee, composição que amplia a viagem nostálgica detalhada no disco anterior, Multi-Love (2015), passear por entre as faixas do presente álbum é como ser surpreendido a todo instante.

Claro que a busca por novas sonoridades em nenhum momento prejudica a formação de atos grandiosos, intensos. É o caso de American Guilt. Fortemente influenciada pelo hard rock dos anos 1970, principalmente Led Zeppelin, a canção de quase cinco minutos convida o ouvinte a se perder em um território ruidoso, caótico, como uma propositada fuga de qualquer tema minimalista, vide a acústica This Doomsday e The Internet of Love (That Way), essa última, música que se entrega ao uso de elementos do jazz/soul.

Pontuado pela inserção de atos dançantes, como Everyone Acts Crazy Nowadays, uma das melhores canções da banda, além de pequenas explosões, vide Major League Chemicals, e músicas entregues ao parcial recolhimento dos arranjos e vozes, como na curtinha Chronos Feasts on His Children, Sex & Food mostra o UMO em sua forma mais versátil e, ainda assim, consistente. Um lento desvendar de experiências que mesmo próximas dos antigos trabalhos da banda, em nenhum momento ecoam de forma arrastada ou minimamente repetitiva.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.