Resenha: “Sketches From An Island 2”, Mark Barrott

/ Por: Cleber Facchi 22/07/2016

Artista: Mark Barrott
Gênero: Ambient, Balearic Beat, Electronic
Acesse: http://sketchesfromanisland.com/

 

Mark Barrott passou grande parte da década de 1990 e começo dos anos 2000 explorando a música eletrônica de forma sempre atmosférica, levemente experimental, estímulo para grande parte da discografia produzida sob o título de Future Loop Foundation. Também responsável pelo selo International Feel — casa de produtores como CFCF e José Padilla —, no início da presente década o produtor de origem inglesa partiu em busca de novas sonoridades, encontrando na essência litorânea da música produzida em  Ibiza a base para a série Sketches from an Island.

Cantos de pássaros, sons extraídos de fenômenos naturais, sintetizadores, ruídos eletrônicos, guitarras sempre contidas e climáticas, além do uso descompromissado de temas psicodélicos. Dois anos após o lançamento do primeiro “capítulo” da série de obras, Barrott regressa ao mesmo ambiente ensolarado que surge impresso na capa de cada registro para apresentar ao público o inédito Sketches from an Island 2 (2016, Internacional Feel).

Movido pelo uso de temas lisérgico-tropicais, Barrott faz do presente álbum uma coleção de ideias marcadas pela completa delicadeza dos arranjos. Logo na abertura do disco, Brunch With Suki, composição que vai do reggae à música disco em um exercício de puro descompromisso, como a trilha sonora para um fim de tarde à beira mar. Batidas e colagens tímidas, precisas, um aquecimento para o som deliciosamente acolhedor que marca a canção seguinte Over At Dieter’s Place.

Longe de parecer confortado em uma preguiçosa zona de conforto, reciclando conceitos anteriormente explorados no primeiro registro da série, Barrot aproveita do álbum para buscar por novas sonoridades e temas eletrônicos. Quarta faixa do disco, Winter Sunset Sky talvez seja a melhor representação desse resultado. Ao mesmo tempo em que dialoga com toda a sequência de composições do disco, a música de quase seis minutos cria uma delicada passagem para o final dos anos 1980, efeito do enquadramento nostálgico dos sintetizadores.

A relação de Barrott com o passado acaba se refletindo em outros momentos ao longo do disco. Difícil ouvir Der Stern, Der Nie Vergeht e não lembrar do som produzido pelo Kraftwerk para o clássico Trans-Europa Express (1977). Mesmo One Slow Thought, canção de encerramento do álbum cria uma ponte colorida para a obra de artistas como Cluster, Brian Eno e outros gigantes da década de 1970, efeito dos sintetizadores cósmicos e ruídos que se espalham sem pressa ao fundo da canção.

Como indicado na própria capa do disco, Sketches from an Island 2 é uma obra marcada pela completa ambientação. Do canto dos pássaros ao uso de batidas tribais que se espalham ao fundo de Cirrus & Cumulus, passando pela atmosfera florestal que pontua o trabalho em One Slow Thought, Barrot explora cada canção do registro como parte de um cenário vivo e essencialmente mutável. Uma espécie de passagem direta para um cenário paradisíaco, tão colorido e acolhedor quanto a imagem que estampa a capa do álbum.

 

Sketches from an Island 2 (2016, Internacional Feel)

Nota: 8.3
Para quem gosta de: CFCF, jj e Lindstrøm
Ouça: Winter Sunset Sky, Brunch With Suki e Driving To Cap Negret

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.