Resenha: “SweetSexySavage”, Kehlani

/ Por: Cleber Facchi 01/02/2017

Artista: Kehlani
Gênero: R&B, Pop, Soul
Acesse: http://kehlanimusic.com/sweetsexysavage/

 

SweetSexySavage. Kehlani não poderia ter pensado em um título melhor para o primeiro álbum de estúdio. Produzido em um intervalo de quase dois anos, o sucessor da mixtape You Should Be Here, de 2015, indica um claro amadurecimento em relação ao trabalho produzido pela cantora norte-americana. Batidas e versos que se dividem entre a sexualidade, o romantismo doentio e instantes de profunda melancolia, fazendo do disco um curioso passeio pela mente e conflitos da própria artista.

Claramente influenciado pelo período de recuperação da cantora — em meados de 2016, Kehlani foi internada após uma tentativa de suicídio —, SweetSexySavage abre em meio a um pedido de desculpas da cantora (“Meus pêsames a quem me perdeu”) e até citações religiosas (“Sinto muito por você ter perdido o Deus em mim”). Fragmentos da alma atormentada da artista, sempre honesta e sensível em cada uma das 17 composições que preenchem o disco.

Longe de parecer um registro sufocado pelo caos que tomou conta da vida de Kehlani nos últimos meses, a estreia da cantora encanta pelo cuidado na produção e força dos versos. O romantismo exagerado em Undercover (“De um jeito ou de outro eu vou amar você”), conflitos amorosos em Distraction (“Eu preciso que você não queira pertencer a mim”), a força dos próprios sentimentos exaltados em CRZY (“Tudo o que faço, faço com paixão”).

Assim como nas canções de You Should Be Here, Kehlani é a grande protagonista da própria obra. Entre poemas marcados por temas intimistas, a cantora acaba estreitando a relação com o ouvinte, convidado a reviver musicalmente diversas experiências sentimentais da artista. Um bom exemplo disso está em Do U Dirty, composição que se perde em meio a delírios e conflitos recentes da cantora, ou mesmo In My Feelings, música que explode em meio a versos marcados por um relacionamento obsessivo.

Acompanhada de perto pela dupla Pop & Oak (Rihanna, Nicki Minaj) durante o processo de construção do trabalho, Kehlani faz de cada composição em SweetSexySavage uma espécie de diálogo com o R&B/Soul produzido entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000. Como indicado em um especial do Genius, são referências diretas ao som produzido por artistas como Akon e, principalmente, ao trabalho da cantora Aaliyah, homenageada de forma explícita em músicas como Personal e Too Much.

Todo esse universo de referências e pequenas adaptações acaba fazendo de SweetSexySavage um trabalho demasiado extenso. São quase 60 minutos de duração, o mesmo exagero de outros nomes de peso do Hip-Hop/R&B – como Nicki Minaj em The Pinkprint (2014) e Drake no ainda recente Views (2017). Uma verdadeira coleção de ideias e busca por novas possibilidades dentro de estúdio, como se Kehlani e os parceiros de estúdio apontassem para todas as direções.

 

SweetSexySavage (2017, Atlantic / TSNMI)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Tinashe, Jhené Aiko e Rihanna
Ouça: CRZY, Undercover e D U Dirty

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.