TOP #20 BRASIL 2010 (05-01)

/ Por: Cleber Facchi 21/12/2010

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#05. Do Amor – Do Amor

Tudo bem, o disco de estreia dos cariocas da Do Amor não apresenta nada que artistas de outras gerações já não tenham feito. Sejam os Novos Baianos nos anos 70, os Paralamas do Sucesso na década de 80 ou os Raimundos pelos anos 90. Todos trafegaram por um mar de influências e colagens de outros estilos. O fato é que há um bom tempo ninguém fazia isso com tanta propriedade e qualidade quanto o quarteto do Rio. Carimbó, ritmos nordestinos, samba, reggae, axé e rock, tudo funcionando como se fosse um único estilo.

O grupo consegue nos fisgar já em sua primeira faixa, a divertida Vem me Dar, em que a levada samba rock vai nos guiando até um solo absurdo de guitarra que poderia estar facilmente em qualquer disco da banda Calypso ou de algum grupo paraense similar. As faixas suingadas e engraçadinhas vão conduzindo o ouvinte até o desfecho do trabalho.  Antes do fim, prepare-se para dançar coladinho ao som de Perdizes, sambar em Morena Russa, enlouquecer com Pepeu Baixou em Mim e arrastar a chinela ao som de Isso é Carimbó. (Resenha)

Brazilian/Alternative/Experimental
http://www.myspace.com/doamor
Ouça: Isso é Carimbó

#04. Tulipa Ruiz – Efêmera

Há tempos que um disco de estreia de alguma cantora não causava tanto rebuliço quanto o de Tulipa Ruiz. Quem acompanhou pelos sites de música, revistas especializadas ou Twitter via pouco a pouco o público e a crítica enlouquecendo em relação à Efêmera. O disco transitou entre os mais diferentes públicos, dos alternativos de plantão aos fanáticos pela MPB, e por onde tocava arrancava suspiros e frases do tipo “lindo”, “maravilhoso” e “perfeito”. De fato o primeiro trabalho da paulistana é tudo isso, se não mais.

O disco vem inspirado visivelmente pela Tropicália, como fica visível por todo o álbum, e de maneira mais latente em canções como a faixa título, Pedrinho(em que a cantora solta de vez seus vocais) e Pontual. Tulipa canta sobre o amor e seus desafetos tendo sempre como plano de fundo a cidade de São Paulo. Delicado e grandioso da primeira à última faixa, o álbum nos emociona com Só sei dançar com você, nos diverte Pontual e faz o ouvinte se declarar com Às vezes.

Brazilian/Indie/Pop
http://www.myspace.com/tuliparuiz
Ouça: Às Vezes

#03. Mombojó – Amigo do Tempo

Não é necessário relembrar a série de acontecimentos ruins que pairaram sobre o Mombojó nos últimos anos. O fato é que todos estes acontecimentos culminaram na criação de Amigo do Tempo, o terceiro e melhor disco do grupo pernambucano até agora. Denso e melancólico da primeira á última faixa o álbum é praticamente o oposto dos trabalhos anteriores do grupo, aqui a sonoridade vem triste, embora na mesma intensidade e força dos discos que o antecedem.

Ao mesmo tempo em que a obscuridade paira sobre o álbum as faixas são esperançosas, como canta Felipe S. já na abertura do trabalho: “Eu pensei em deixar você/Me livrar da dor e crescer”. A sonoridade do grupo também alcança outro patamar, cada um dos músicos consegue tirar o máximo de seus instrumentos produzindo um trabalho que preza pela excelência. O novo álbum do Mombojó demonstra um amadurecimento necessário do grupo. A banda que nos conquistou com suas faixas sempre agitadas e clima “pra cima” agora nos conquista com uma nova faceta tão intensa e marcante quanto a antiga.

Alternative/Indie/Experimental
http://www.myspace.com/mombojo
Ouça: Pa Pa Pa

#02. Holger – Sunga

Sunga une elementos do indie rock de bandas como Pavment, Broken Social Scene, Of Montreal ou I’m From Barcelona e principalmente a sonoridade afrobeat criada pelo nigeriano Fela Kuti e seus Africa ’70, elemento que caracteriza o disco.

Tudo bem que isso não é nada inovador, afinal, artistas como Vampire Weekend ou The Very Best vem explorando com qualidade a temática em seus trabalhos. O que diferencia e dá nova roupagem ao disco do Holger é aquele tradicional suingue brasileiro que nem a mais experiente banda gringa consegue superar. Se micareta fosse coisa de indie, com certeza seria o Holger quem levantaria a galera.

Se quando lançou Green Valley EP o grupo já conseguia animar o ouvinte, agora a banda amplia seus limites e produz um trabalho que esbanja carisma e estimulo, afinal é impossível ouvir Let’em Shine Below, Toothless Turtles ou Beaver (faixa que por sinal caberia com tranquilidade na trilha sonora de O Rei Leão) sem dar aquela batucada, ou contar em coro com a banda. (Resenha)

#01. Marcelo Jeneci – Feito Pra Acabar

Marcelo Jeneci com seu delicado Feito Pra Acabar era o artista que faltava para integrar a safra de novos músicos da MPB. Fortemente inspirados pela Tropicália e a Música Popular Brasileira dos anos 70 Jeneci, Tulipa Ruiz, Cidadão Instigado, Nina Becker, Silvia Machete, Céu e Cérebro Eletrônico são os responsáveis por dar voz à nova geração de músicos que nos presentearam com grandes lançamentos do gênero. Esqueça a “MPB tradicional” que toca nas rádios comerciais ou que é debatida nos “papos cabeça” em conversas de boteco. Dê espaço para que seus ouvidos tenham acesso ao que há de realmente novo na música nacional.

A pluralidade de estilos também é uma das marcas do álbum. Há traços de música sertaneja como em Pra Sonhar, rock em Copo D’Àgua, pop na divertida Café com Leite e Rosas e Tropicalismo em Jardim do Éden. Sobra espaço para que Jeneci explore ao máximo sua voz e a instrumentação do disco.

Com a faixa homônima, “Feito Pra Acabar” se encerra ao som de um épico com mais de sete minutos de duração abrindo espaço para violinos, percussão, pianos e experimentalismos. A prova que a força de Jeneci e da nova geração de músicos que compõem a famigerada Música Popular Brasileira está justamente em ousar e não ficar presa a fórmulas ou tradicionalismos musicais. (Resenha)

Brazilian/Indie Pop/Baroque Pop
http://www.myspace.com/jeneci
Ouça: Copo D’Àgua

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.