Ano: 2025
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Raça e Fernando Motta
Ouça: Brincos, Talvez e Sem Vencer
Ano: 2025
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Raça e Fernando Motta
Ouça: Brincos, Talvez e Sem Vencer
Bastou ao Marrakesh a mudança de idioma para que fossemos apresentados a um projeto completamente diferente de tudo aquilo que o grupo curitibano vinha testando desde o início da carreira. Primeiro álbum de estúdio da banda cantado em português, o autointitulado sucessor de Timeskip (2022) evidencia a força criativa e completa entrega do quarteto formado por Truno, Winebathory, Daniel Ferraz e Matheus Castella.
Com produção de Roberto Kramer (Jovens Ateus, Raça), o álbum diz a que veio logo nos momentos iniciais. São pouco mais de dez minutos em que o quarteto enfileira uma sequência de músicas altamente viscerais, sempre marcadas pela urgência das vozes, batidas e guitarras. Canções como Brincos, Talvez e a berrada Sem Vencer que partem pra cima do ouvinte enquanto materializam a intensa carga sentimental do disco.
A própria canção de abertura do trabalho, Alma, com ares de interlúdio, sintetiza parte dos elementos que serão incorporados ao longo do registro. São versos consumidos por questões emocionais, relacionamentos incertos e instantes de maior vulnerabilidade. Não se trata de algo necessariamente novo quando próximo de outros tantos exemplares do gênero, mas que convence pela potência e amplitude emocional do grupo.
Se por um lado essa intensa carga sentimental concentrada na abertura do trabalho serve para capturar a atenção do ouvinte logo em uma primeira audição, por outro, reserva ao restante da obra uma sensação de repetição temática. Composições como Troquei e Ponto final, que, mesmo bem executadas, pouco avançam liricamente, reforçando uma sensação de desgaste que, lentamente, consome o repertório da Marrakesh.
Ainda assim, é justamente na segunda metade do disco que o grupo aproveita para ampliar musicalmente os limites da obra. Em Quem Sabe, por exemplo, melodias acústicas e vozes gritadas destacam o lado mais acessível da banda, soando como uma composição perdida dos anos 2000. O mesmo pode ser percebido no pop rock pegajoso de Laço de Cetim, canção que faz lembrar o trabalho da Terno Rei em Violeta (2019).
Esse esforço em provar de novas sonoridades, mesmo que pontualmente, compensa as limitações líricas de parte do disco e evidencia a disposição do Marrakesh em explorar novas possibilidades em estúdio. Mais que uma mudança de idioma, o presente registro marca um ponto de recomeço para o grupo que, mesmo diferente daquele revelado no introdutório Cold as a Kitchen Floor (2018), segue surpreendendo o ouvinte.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.