Ano: 2025
Selo: R&R / Warner
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Mk.gee e Mustafa
Ouça: Yamaha, Automatic e Kindalove
Ano: 2025
Selo: R&R / Warner
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Mk.gee e Mustafa
Ouça: Yamaha, Automatic e Kindalove
Os últimos quatro anos foram bastante movimentados para Dijon. Além de colaborar criativamente com velhos conhecidos, como Mk.gee, com quem divide a produção de Two Star & The Dream Police (2024), o músico norte-americano estreitou laços com outros artistas. De Bon Iver, em Sable, Fable (2025), passando por Justin Bieber, no recente Swag (2025), sobram boas parcerias que ampliaram os horizontes do cantor.
Satisfatório perceber em Baby (2025, R&R / Warner), primeiro disco de inéditas do artista desde Absolutely (2021), uma obra que não apenas incorpora parte desses elementos e colaboradores, como ainda expande as possibilidades do cantor em estúdio. Feito para ser absorvido da primeira à última faixa, sem intervalos, o trabalho entrelaça cada nova composição na música seguinte, reforçando a homogeneidade do material.
Enquanto os versos tratam sobre questões domésticas, relacionamentos e tormentos pessoais, Dijon brinca com a elaboração dos arranjos, batidas e bases instrumentais. São ecos de veteranos com Prince e Michael Jackson, entretanto, partindo de uma abordagem ainda mais fragmentada, por vezes experimental. É como uma interpretação totalmente complexa e desafiadora em relação ao repertório montado para Absolutely.
Embora parta de um direcionamento profundamente exploratório, Dijon mantém firme a relação com o pop e o R&B tradicional de forma bastante sensível. Exemplo disso pode ser percebido em Yamaha, composição que parece resgatada dos anos 1980. A própria sequência de fechamento do disco, formada por Automatic e Kindalove, destaca o que há de mais acessível no tipo de som incorporado pelo músico norte-americano.
Entretanto, é que se entrega ao completo estranhamento das formas instrumentais e rítmicas que o músico garante ao público algumas das melhores composições do disco. É o caso de My Man, com vozes rasgadas e produção minimalista, e Fire, canção de acabamento ruidoso que faz lembrar das criações de 1010benja em Ten Total (2024). Claro que isso não exime o trabalho de revelar algumas faixas menos interessantes.
São músicas como Loyal & Mary e (Freak It) que parecem mais com fragmentos de ideias do que canções completas. Ainda assim, essas irregularidades jamais comprometem o conjunto da obra, que se sustenta pela ousadia estética, entrega e força narrativa do cantor. Nesse sentido, Baby funciona como um registro de transição, apontando para um território em que vulnerabilidade e inventividade caminham lado a lado.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.