Ano: 2025
Selo: Interscope
Gênero: Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: FKA Twigs, Kelela e Tyla
Ouça: Girlie-Pop! e Kiss Me Thru the Phone Pt. 2
Ano: 2025
Selo: Interscope
Gênero: Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: FKA Twigs, Kelela e Tyla
Ouça: Girlie-Pop! e Kiss Me Thru the Phone Pt. 2
“Me chamam de vadia, de vilã, de diva polêmica, não: eu sou a estrela negra”, dispara Naomi Campbell, nos minutos finais de Ms60. Mais do que a autoafirmação de um dos maiores ícones da história da moda e uma clara representação do símbolo que estampa a bandeira de Gana, país onde cresceu Amaarae, a imagem elevada sintetiza a ascensão sonora, rítmica e estética da norte-americana em Black Star (2025, Interscope).
Depois de experimentar em The Angel You Don’t Know (2020) e abraçar o pop com Fountain Baby (2023), a cantora e compositora nova-iorquina não apenas alcança um ponto de equilíbrio no repertório de Black Star, como ainda amplia seus horizontes. São canções que partem das pesquisas da artista sobre a música afrodiaspórica, estreitam laços com diferentes colaboradores, mas nunca perdem o forte caráter dançante.
Exemplo disso fica bastante evidente em Girlie-Pop, música em que parte do R&B romântico dos anos 2000 e mergulha no minimalismo sedutor do baile funk, enquanto recebe os brasileiros Deekapz e Maffalda. A própria canção de abertura do trabalho, com coprodução de MU540 e ecos de M.I.A. em início de carreira, sintetiza de forma bastante eficiente tudo aquilo que a nova-iorquina busca desenvolver ao longo do disco.
É como se diferentes ideias, ritmos e tendências fossem condensadas em um intervalo de poucos minutos, conceito reforçado em músicas como S.M.O. e demais preciosidades ao longo do trabalho. Mesmo quando utiliza de uma proposta menos exploratória, como na colaboração com PinkPantheress, em Kiss Me Thru The Phone Pt. 2, Amaarae mantém firme a fluidez rítmica e dinamismo que serve de sustento ao material.
Interessante notar que, mesmo orientado às pistas, Black Star mantém firme a poesia agridoce que tem sido explorada por Amaarae desde a estreia com The Angel You Don’t Know. A própria She Is My Drug, com citações a Belive, de Cher, e versos que tratam da paixão intensa mediada por drogas, funciona como uma boa representação desse resultado, conceito reforçado na vulnerabilidade de B2B e na pulsante Fineshyt.
Ainda que mantenha o equilíbrio entre a força poética, inventividade rítmica e a intensa carga emocional, o trabalho perde parte de sua potência criativa após o ápice de Fineshyt. Composições como Dove Cameron e a atmosférica Dream Scenario soam menos desafiadoras em termos de percussão e construção melódica, suavizando a experiência que até então se mostrava densa e totalmente imprevisível. Essa desaceleração, no entanto, não diminui a entrega da cantora, proposta que faz de Black Star o registro mais sofisticado e coeso de Amaarae, reafirmando a artista como uma das principais vozes da música pop contemporânea.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.